quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Estrela Mais Brilhante do Céu - Marian Keys


Desde que engravidei, há quase nove meses, li super pouco. Na verdade, não tão pouco assim, mas li muita coisa sobre gravidez e aí os outros livros foram deixados de lado. Mas jurei que no último mês de gravidez eu deixaria os pensamentos maternos um pouco de lado e voltaria a me dedicar à leitura “tradicional”.

Pois bem, me aventurei num sebo e troquei cinco livros antigos por dois novos. Saí de lá com Os Sete e O Apanhador no Campo de Centeio em mãos.

Mas chegando em casa, iniciando Os Sete, senti que talvez ele fosse um livro meio “pesado”para um fim de gravidez e optei por algo mais leve, mais mulherzinha. Acho que era isso que eu precisava nesse momento. Bom, devia ser, porque devorei um livro de 598 páginas em dois dias.

Iniciei a leitura de A estrelha mais brilhante do céu, de Marian Keys, no sábado, dia 05, e encerrei na segunda, dia 07. Não posso dizer que esse seja o melhor livro da autora (gostei muito mais de É agora ou nunca e Melancia), mas também não é dos piores (Um best seller para chamar de seu, para mim, foi horrível). Assim, se eu tivesse que dar uma nota de 0 a 10, acho que daria 7,5.

Mas e porque cargas d`água então você leu o livro tão rápido, se ele vale só 7,5? Ah! Porque a Marian Keys tem esse poder. Ela cria histórias que fluem, sua linguagem é fácil, as letras são enormes e os capítulos curtinhos. Ela também vai entrelaçando a trama, falando um pouco de um personagem em um capítulo e de outro em outro, e a gente vai seguindo adiante querendo saber no que vai dar.

O livro começou como todos dela: meio enroladinho, ficando mais interessante quando passou da página 200. Lá pela sua metade, ele teve o poder de me arrancar ótimas risadas e senti que o livro estava me envolvendo de verdade. O fim, como era de se esperar, vai elucidando os mistérios e desatando os nós. Algumas revelações são bem surpreendentes, outros desfechos deixam a desejar (será que é porque eu queria outro fim para os personagens?).

Se você é um(a) grande fã da autora, vá com fé e compre o livro, você vai gostar muito, porque segue o estilo dela e tem uma história bem dinâmica e doce. Mas se vc não costuma ler muito esse estilo de livros (chick lit) não sei se essa é a leitura para você.

Para você ter uma idéia do que vai encontrar nas páginas de A Estrela mais brilhante do céu, conto um pouquinho da história aqui:

Tudo acontece num prédio localizado no número 66 da Star Street, em Dublin. Lá vivem Kate, mulher de 40 anos, namorada de Connan e funcionária de uma empresa que presta serviços de RP para artistas; Lydia, taxista invocada, irlandesa, que divide o apartamento com dois Poloneses; Maeve, uma criatura doce, casada com Matt (aos poucos você vai descobrir coisas surpreendentes sobre este casal. É aqui é que se cria a grande curiosidade do livro) e Jemima, uma senhora de 80 anos que recebe em sua casa o filho adotivo que mora no interior (Fionn) e veio a Dublin para fazer um programa de TV sobre jardinagem.

A história é contada por um narrador que não pode ser visto pelos demais personagens mas é frequentemente sentido. Ele tem 61 dias para cumprir a sua missão e mudar para sempre a vida de um dos moradores do prédio.

A autora, Marian Keys comenta, na orelha do livro, que é difícil responder a pergunta que sempre lhe fazem: “Qual dos romances você escreveu é seu favorito?”. Ela diz que isso é como pedir para uma mãe escolher o seu filho preferido. Mas ela não se contém e afirma: “Mas este é, sem dúvida, o meu preferido”.  Devo admitir que foi isso que me convenceu a comprar o livro. Me arrependi? Claro que não! Tive bons momentos de diversão.

Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand Brasil 
Páginas: 598
Preço: R$ 50 a 60 em média

VEJA OUTRAS OPINIÕES SOBRE O LIVRO (ambas muito boas):

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dicas de livros para grávidas

Não dá para negar que assim que uma mulher engravida suas prioridades mudam. Comigo não foi diferente. Assim que soube que um bebê chegaria por aí, passei a me dedicar a um novo estilo de literatura, o que acabou deixando o meu querido Leituras Valiosas um pouco de lado.

Mas encontrei um tempinho para fazer esse post e comentar sobre alguns bons e úteis livros sobre gravidez / cuidados com o bebê que acho que super valem a pena ser lidos. 

Espero que sejam úteis para todas as futuras mamães que passarem por aqui!


O QUE ESPERAR QUANDO VOCÊ ESTÁ ESPERANDO
Classificação: vale a pena ser lido
Se você conseguir emprestado com alguma amiga, melhor. Acho que não vale a pena você adquiri-lo, até porque não é tão barato assim (em torno de 70 reais). Mas garanta que você vai poder ficar com o livro por, pelos menos, os nove meses da sua gestação. Ele apresenta as fases da gravidez divididas mês a mês, comentando as principais alterações no corpo da mulher e as mudanças ocorridas no feto. Mas não espere ler o livro todo de uma vez, em uma sentada, porque aí ele se torna insuportável. Leia os capítulos dos meses assim que entrar neles. Ele é enorme (783 pág), mas você também não precisa ler tudo. Selecione apenas aqueles assuntos que dizem respeito à sua situação (se não estiver grávida de gêmeos, não há necessidade de se informar sobre isso, por exemplo) ou que lhe interessam (por que ler sobre problemas na gravidez se vc não passou por nenhum deles. Só para colocar caraminholas na cabeça).
Editora: Record
Autora: Arlene Eisenberg
Páginas: 783
Quanto custa: De R$ 41,00 a R$ 70,00. Vale a pena pesquisar antes de comprar (www.buscape.com.br)


OS SEGREDOS DE UMA ENCANTADORA DE BEBÊS
Classificação: deve ser adquirido
Se você tivesse tempo para ler apenas um único livro antes de ter seu bebê, eu indicaria que fosse esse (considerando, claro, somente os que eu li). Ele relata, de forma bem detalhada, o método desenvolvido pela enfermeira britânica Tracy Hogg, depois de décadas de experiência no acompanhamento de mais de famílias desesperadas. O método, conhecido mundialmente por E.A.S.Y,  consiste basicamente em criar uma ROTINA que envolve quatro  estágios: comer (Eat), praticar atividades (Activity ), dormir (Sleep) e, por fim, ter tempo para você (You), que ninguém é de ferro. Em 318 páginas a autora descreve de forma simples como colocar qualquer bebê dentro de uma rotina controlada que tornará a vida de qualquer família muito mais tranquila (todo o método dela se baseia nessa simples palavrinha: rotina).
Editora: Manole
Autoras: Tracy Hogg e Melinda Blau
Páginas: 318
Quanto custa: Em torno de R$ 45,00

NANA NENÊ – Gary Ezzo e Robert Buckman
Classificação: deve ser adquirido
Dica: se um dia você for escrever um livro, cheque antes se não há outro com o mesmo título. Pois Nana Nenê há dois, e isso gerou uma grande confusão. Primeiro comprei o outro e, na dúvida, comprei este também. Mas resumindo, vale a pena ter os dois. Na minha opinião, é interessante ler este Nana Nenê, do Gary Ezzo e do Robert Buckman, primeiro, pois ele tem um caráter mais psicológico e abrangente (fala também sobre família, alimentação, etc...), enquanto que o outro é bem técnico e prático (abordando basicamente o tema sono). Lendo nessa ordem, um serve de base para outro.  Este Nana Nenê fala, em termos gerais, de como você é responsável por estabelecer a rotina que irá proporcionar uma vida saudável para seu bebê, você e todo o resto da família (ó a rotina aí de novo, minha gente! Só que aqui ela se chama OAP: alimentação orientada pelos pais). Para esses autores, o principal fator responsável por um sono tranquilo é um método de alimentação adequado e eles exploram e descrevem muito bem esse tema durante toda a obra (os famosos ciclos de fome e sono). O livro é curtinho, só 184 páginas, então não tem desculpa para não ler.
Editora: Mundo Cristão
Autores: Gary Ezzo e Robert Buckman
Páginas: 184
Quanto custa: em torno de R$ 25,00
Saiba maishttp://marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com.br/2008/05/livro-nana-nen-principais-ensinamentos.html (esse blog traz um ótimo resumo de todos os capítulos do livro)

NANA NENÊ – Eduard Estivill e Sylvia de Béjar
Classificação: vale a pena ser adquirido
Um livro bem didático que ensina de forma prática e direta técnicas para que seu filhote aprenda, desde os primeiros dias, a dormir bem, sozinho e por longas horas. Para alguns pais, ele pode parecer meio radical, já que os autores pregam que em alguns casos é necessário deixar a criança chorar, para que esta não desenvolva maus hábitos relacionados ao sono. Ele promete resolver os problemas relacionados ao sono infantil em 96% dos casos. Mais uma vez, o hábito e a rotina são o foco principal da obra.
Editora: Martins Fontes
Autores: Eduard Estivil e Sylvia de Béjar
Páginas: 145
Quanto custa: de R$ 30,00 a R$ 39,00

MATERNIDADE E O ENCONTRO COM A PRÓPRIA SOMBRA
Classificação: passar longe
Encontrei a dica desse livro num blog que eu adoro acompanhar. Como ele aborda aspectos psicológicos da gravidez, fiquei super interessada e comprei rapidinho. Mas, sinceramente, esse livro não tem nada a ver comigo! Em muitos trechos, custei a crer no que estava lendo. Ou você é uma futura mãe com um estilo BEM alternativo, ou invista seu suado dinheirinho em outra obra, pq ele é uma viagem. O livro se vende muito bem  - “O livro traz uma profunda reflexão sobre a responsabilidade que é criar uma criança e ao mesmo tempo o potencial de transformação que a experiência da maternidade pode trazer para a mulher” (quem não iria se interessa em ler sobre isso?), mas o que realmente encontrei nele foram coisas como: “É preciso que as mães enlouquçam um pouco... que lhes permitam abandonar sem risco o mundo racional, as decisões lógicas, o intelecto, as ideias, a atividade, os horários, as obrigações. É indispensável submergir nas águas do oceando do recém nascido, aceitar as sensações oníricas e abandonar o mundo material”. Pode ser que esse seja seu estilo, então, siga! Encontrei em outros blogs leitoras que simplesmente o adoraram.
Editora: Best Seller
Autora: Laura Gutman
Páginas: 319
Quanto custa: Em torno de R$ 39,00
Saiba maishttp://www.maternidadeconsciente.com.br/indicacoes/livro-maternidade-e-o-encontro-com-a-propria-sombra/

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Trem Bala – Martha Medeiros

Nos meus anos de faculdade, entre 96 e 99 fui uma grande fã da autora gaúcha Martha Medeiros. Acompanhava suas crônicas, a grande maioria sobre relacionamentos, no site Almas Gêmeas. Chegava a imprimir e guardar os textos que mais gostava (os tenho até hoje).

Agora, há alguns dias, me vi “perdida” em uma estação rodoviária do RS sem um bom livro para ler. Corri para a banca e fui ver quais opções literárias me restavam. Claro que não muita coisa. Mas foi aí que resolvi voltar à Martha e passei a mão no livro Trem Bala, que reune as principais crônicas escritas em 98 e 99, justamente o período em que eu era sua grande fã.

Mas o gostinho não foi mais o mesmo. E devo confessar que eu já esperava por isso. O livro foi uma boa companhia para uma viagem enrolada (acidente na estrada me fez perder 1h20min a mais que o previsto), mas fiz aquele tipo de leitura seletiva, sem me envolver muito com os textos.

Achei Trem Bala um livro com crônicas pouco encantadoras, pouco atraentes e que quase não me  tocaram. Até mesmo as que eu havia impresso e guardado agora pareceram bastante “rasas”, um tanto adolescentes.

Essa experiência me fez pensar no quanto mudou a nossa cultura literária nos últios 10 ou 15 anos. Antes, para termos acesso à leitura de crônicas tínhamos que recorrer a livros, jornais ou, na melhor das hipóteses (e claro, única e exclusivamente em se tratando de grandes escritores) a alguns poucos websites. 
Hoje, temos milhares de autores explêndidos e anônimos que nos cativam muito mais que Marthas ou Veríssimos e que estão absolutamente acessíveis através de seus blogs e páginas pessoais.

Eu, particularmente, estou satisfeitíssima com essa mudança. Adoro descobrir blogs escritos por pessoas cujo nome nunca ouvi falar, mas que parecem me conhecer a fundo, viajar dentro da minha cabeça e ver o mundo sob o mesmo prisma que eu (ou de um completamente diferente, mas com uma visão inteligente e perspicaz).

Toda vez que eu encontro um bom blog, com textos inspiradores, nasce para mim um novo bom autor. E os veteranos que me perdoem, mas essa galerinha desconhecida tem colocado muito Trem Bala no chinelo!

Minha dica é não investir os seus suadinhos reais no livro Trem Bala. Invista algumas horinhas para navegar pela internet e encontre blogs de autores criativos que está valendo bem mais à pena.

Editora: L&PM
Ano: 2006
Número de páginas: 247

Se preferir conferir com seus próprios olhos, leia algumas crônicas do livro Trem Bala em ...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Distância entre Nós – Thrity Umrigar

A Distância entre Nós é um livro que li há muito tempo atrás. Gostei tanto que depois de conhecê-lo saí por aí lendo tudo que encontrei da mesma autora: A Doçura do Mundo, Um lugar para Todos e o Tamanho do Céu. Só ficou de fora A primeira luz da manhã, que é sua autobiografia, mas que deverá entrar na minha listinha de próximas leituras

Todos os livros de Thrity Umrigar seguem o mesmo estilo de enredo, abordando assuntos como a diferença entre classes, o preconceito, a luta entre os sexos, a busca pelo pertencimento a um grupo e a procura do amor e da aceitação. As histórias são ambientadas na Índia ou nos Estados Unidos e são recheadas de muita sensibilidade, de olhar aguçado para detalhes e de personagens femininos extremamente fortes e marcantes. O talento da autora para a descriçao da sociedade onde as histórias se passam também é admirável.

Como li A Distância entre Nós há muito tempo atrás optei por postar aqui uma resenha de outro site, que considerei bem feita e fiel à obra. Essa descrição é do site Netsaber.

Netsaber: Distância entre Nós, romance pungente de Thrity Umrigar sobre uma mulher rica e sua criada oprimida, oferece uma visão sobre o papel das classes e dos sexos nos na Bombaim atual. Alternativamente contado através do olhar de Sera, uma viúva Parsi cuja filha grávida e o genro compartilham sua casa elegante, e Bhima a governanta idosa que tem de sustentar sua neta órfã, Umrigar faz um trabalho admirável ao criar duas personagens simpáticas cuja ligação vai bem mais além do que aquela de patroa e empregada. Quando encontramos Bhima pela primeira vez, ela está dividindo com Maya um colchão fino. Maya é a neta sobre quem ela depositou todos seus sonhos e esperanças, que só desmoronaram devido a uma gravidez inesperada e suas conseqüências desastrosas. Com o passar do tempo, ficamos sabendo que Sera e sua família usaram seu poder e dinheiro para influenciar nas vidas de Bhima e Maya, preocupando-se com o marido de Bhima depois de um acidente de trabalho, que o deixou alienado, e fornecendo fundos para a educação universitária de Maya. Também ficamos sabendo que a vida privilegiada de Sera não é como parece ser; depois de anos sofridos com a crueldade de sua sogra, ela teve de encarar os abusos emocionais e físicos de seu marido, dor esta que somente Bhima podia ver e aliviar. Apesar das tragédias e triunfos Sera e Bhima sempre partilharam uma ligação que transcendia classe e raça, um laço partilhado pelas duas mulheres cujos destinos pareciam sempre estar nas mãos de outros, fora do controle delas. Narrado com uma série de "flashbacks" e encontro nos dias presentes, A Distância Entre Nós ganha força com seu enredo e prosa. Uma linda história de tragédia e esperança. O segundo romance Umrigar com certeza fica nas mentes dos leitores.

Saiba mais:
§  Um Lugar para Todos  (2001)

§  A Primeira Luz da Manhã (2004)

§  A Distância entre Nós (2006)

§  A Doçura do Mundo (2007)

§  O Tamanho do Céu (2009)

Site da autora: http://www.umrigar.com

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Mulher do Viajante no Tempo – Audrey Niffenegger

Quando eu morei nos Estados Unidos, em 2009/2010, o livro A Mulher do Viajante no Tempo era o maior sucesso editorial. Fiquei morrendo de vontade de lê-lo, mas bateu aquela preguiça de encará-lo em Inglês. Entretanto, fiquei com a obra na cabeça e, esses dias, conversando com uma amiga que já o havia lido, resolvi comprá-lo.

Acertei em cheio. A Mulher do Viajante no Tempo era exatamente o tipo de livro que eu estava buscando: um romance gostoso, sem ser piegas.

O livro conta a história de Clare e Henry. Clare viu Henry pela primeira vez quando ela tinha seis anos e ele 42, mas Henry só conheceu Clare quando ele tinha 28 e ela 20. Estranho, não? Mas é assim mesmo que as coisas acontecem.

Henry, devido a um problema genético, é um viajante do tempo. Ele tem a sua vida linear, como qualquer ser humano normal, mas um outro Henry, de diversas idades, viaja no tempo e vai para o passado ou futuro. No seu presente, algumas coisas ele lembra nitidamente, outras não.

Henry e Clare vivem um daqueles amores que viram clássicos. Um daqueles romances que arrancam lágrimas da gente, em várias passagens do livro. É um amor incondicional, que rompe barreiras, aceita diferenças e ultrapassa a passagem do tempo.

Para quem está em busca de um romance bem apaixonado que, ao mesmo tempo é inteligente e não peca na pieguice, super indico essa obra. Eu o li em cinco dias.

Editora: Suma de Letras
Autora: Audrey Niffenegger
Ano: 2009
Páginas: 453

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Carta para alguém bem perto - Fernanda Young

Há dois dias terminei de ler o livro Carta para alguém bem perto, da Fernanda Young, e minha opinião geral sobre a obra foi: não gostei.

Ele começou meio chato, aí deu uma animada no meio, mas terminou sem entregar muita coisa. Algumas passagens foram de um humor ácido bem interessante, quase beirando o hilário, mas elas não serviram para salvar o todo.

O livro conta a história de Ariana, uma dondoca fútil e meio histérica, que tem uma relação um tanto estranha com seu marido Rodolfo (um negócio que a gente não sabe se é ou não amor, terminei o livro sem entender) e outra mais esquisita ainda com sua filha Daniela (acho que nunca caiu a ficha de que ela se tornou mãe).

Ariana tinha o sonho de ser bailarina, mas não o realizou. Casou-se com o homem que amava, que enriqueceu construindo um império supermercadista, e foi viver no apartamento de seus sonhos. Mas nenhuma dessas duas coisas fez dela uma mulher feliz.

O livro se passa um pouco em São Paulo, relatando a rotina de Ariana, e um pouco na Europa, contando detalhes de uma viagem que ela fez com um amigo gay de seu marido.

O título da obra, na minha opinião, também não tem muito a ver com o que acontece na história. As tais cartas não são nem para alguém “bem perto” nem em quantidade suficiente para dar nome ao livro.

Talvez eu seja uma pessoa um tanto quanto exigente no quesito humor (desconfio seriamente disso), mas preciso ser sincera aqui: este livro não é uma leitura que indico. Se a idéia é ler algo leve, bobinho e que arranque risadas, parta para Marian Keyes, arrisque Melancia ou É Agora ou Nunca (mas não caia na besteira de ler Um best seller para chamar de meu, é terrível!).

Informações adicionais
Número de páginas: 384
Autor(a): Fernanda Young
Editora: Rocco
Ano: 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reparação - Ian McEwan

O ano era 1935 e fazia um calor infernal naquele verão. Era para ser um dia corriqueiro, na casa de uma abastada família do interior da Inglaterra. O grande acontecimento seria apenas a chegada do irmão mais velho, que não morava mais em casa, e de seu jovem amigo. Todos aguardavam ansiosamente por isso.

A casa estava cheia: a mãe melancólica, a caçula com aspirações a escritora, a insolente e angustiada irmã do meio, os primos gêmeos de nove anos e sua frágil irmã, o irmão mais velho recém chegado, o amigo que visitava a primeira vez a casa e o filho da faxineira, que cresceu com a família como se fosse um membro dela.

O decorrer do dia é narrado através da visão de cada um desses personagens. Traduzindo suas impressões pessoais sobre os mais banais ou significativos acontecimentos.

A grande virada acontece à noite, quando tomado pela ilusão, devaneio, instinto de proteção e até vaidade, um dos personagens comente um crime não propriamente deliberado, e muda todo o curso da história dessa família.

Reparação é dividido em três partes. A primeira, que narra os fatos ocorridos num período de menos de 24h, é contada ao longo de 225 páginas e abre caminho para a envolvente história que está por vir. A segunda, que tem como pano de fundo a segunda guerra mundial é contanda através da visão de um personagem que está em pleno campo de batalha. E a terceira e última, que foi escrita tendo como foco principal a culpa e a eterna busca da reparação do crime cometido tantos anos antes.

Entretanto, o grande fechamento da obra somente acontece, na verdade, no epílogo. Na própria orelha do livro isso já fica claro: “...Mas o romance ganha uma nova perspectiva com base num dado qe só é revelado no epílogo. Retrospectivamente, o leitor percebe que o que estava em jogo ao longo de toda a obra, além da questão da culpa e do perdão, eram as relações entre estética e ética. E só então se dá conta de que o livro cuja leitura está terminando, à parte sua narrativa deslumbrante, é também uma reflexão sofisticada a respeito da natureza da literatura, seus poderes e suas limitações.”

Optei por copiar esse extrato tal qual ele aparece no livro porque é exatamente isso que tem que ser dito e eu não encontraria palavras melhores para fazê-lo.

Uma leitura que vale a pena. Principalmente pela reflexão final que ele nos oferece.

Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456

O livro foi adaptado para as telas de cinema com o título de Desejo e Reparação e indicado ao Oscar de melhor filme no ano de 2008.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Inspiração

Eu simplesmente ADORO ler. Ler tudo que é bom, é claro.  Amo um texto bem escrito, me delicio com palavras bem colocadas. Pode ser uma revista, um livro, um site ou um blog. Ultimamente, alguns blogs tem arrebatado meu coração. 

Eu amo ler como amo comer. Ok, é um enorme clichê, mas no meu caso é a mais pura verdade: uma leitura legal é o alimento da minha alma.

Um bom texto para mim é como uma obra de arte, como uma cena que rouba o meu fôlego. Eu chego a sentir algo por dentro, uma falta de ar, e o meu olho fica marejado. Juro que não estou exagerando e juro que estou fazendo uma força incrível para não parecer piegas.

E é tão bom sentir isso. Sentir essa vontade de tirar o chapéu e fazer reverência. De bater palmas em silêncio. De homenagear em pensamento alguém que soube te tocar profundamente sem nunca sequer ter cruzado com você.

Dias atrás, conheci pessoalmente alguém cujos textos eu sempre admirei. Vi que seu estilo é a exata tradução do seu jeito e que realmente ela é tudo aquilo que esparrama aos quatro ventos. Foi ela que me disse algo que eu nunca havia pensado, mas que é a mais pura verdade: “Livros de auto-ajuda não funcionam para mim, porque eles já vem com a receita pronta. Eu preciso é de inspiração.”

Bati o martelo. Sempre amei bons textos porque eles significam isso para mim: inspiração para fazer algo diferente e melhor. Ou pelo menos inspiração para tentar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Alguém conhece a outra Lya?

Eu era fã de Lya Luft. Numa época em que muito pouca gente falava dela. Numa época em que a sua visão do mundo não estava estampada na revista Veja semana sim, semana não.
Eu fui fã de Lya Luft numa época que seus grandes livros eram As Parceiras, Reunião de Família e O Quarto Fechado. Pelo menos, eram grandes livros para mim. Para a crítica, nem sei se chegaram a ser. Para o grande público, certamente não. Mas para mim foram obras encantadoras.
Eu devorava Lya Luft em tardes de domingo e em poucas horas. Me alienava no seu delicioso realismo fantástico, viajava no seu jeito único de contar histórias familiares e virava amiga íntima dos anões, dos duendes e das mulheres atormentadas que povoavam suas obras.
Eu achava que a minha relação com a Lya Luft seria assim para sempre. Ela escreveria histórias para poucos fãs e eu seria uma de suas admiradoras fiéis ao longo da vida.
Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram. Para sorte da Lya, creio eu. Hoje ela é uma das escritoras mais populares e respeitadas do nosso país e suas obras figuram entre as mais vendidas assim que são lançadas.
Eu não tenho nada contra ao novo estilo da Lya Luft. Assim como sou fã de realismo fantástico, também gosto de uma boa crônica e adoro de ouvir a opinião de pessoas sensatas e inteligentes. Só devo admitir que fiquei um pouco enciumada porque a Lya que era só minha, agora é de um batalhão de admiradores (e também por ela ter deixado de lado um estilo tão único e encantador e que eu adorava tanto).
Então, já que todo mundo conhece a nova Lya, acho que nada mais justo que alguns também tenham acesso à Lya antiga. Aquela Lya que escrevia para poucos, mas que sabia como ninguém encantar esses poucos.
Para colaborar um pouco com essa difusão das antigas obras da Lya Luft, deixo aqui três dicas de livros que li e adorei. Todos curtíssimos, que podem ser devorados em menos de duas horas.
Obs.: como li essas obras no final da década de 90 e não tenho tão fresca na memória detalhes das suas histórias, recorri aos sites da Livraria Cultura e da Saraiva para pegar as resenhas.

As Parceiras (1980) – 128 pág
... Uma visão feminina sobre uma família marcada pela morte, pela loucura, por um mundo decadente que a envolve e a desagrega. Em 'As parceiras', o leitor é apresentado à Anelise, vida à beira do caos, que procura no passado as razões para seu infortúnio. Ao passar das páginas, ela encontra a coragem para enfrentar os fantasmas que a perseguem; a avó Catarina - obrigada a casar aos 14 anos com um homem violento; a tia Beata - uma viúva virgem, marcada pela tragédia; a tia anã - figura grotesca que marca sua infância; a amiga Adélia - ausência para sempre sentida; a irmã Vânia - seu oposto completo, forte e decidida, mas com um estranho segredo.

A Asa Esquerda do Anjo (1981) – 109 pág
Sinopse extraída do site da Livraria Saraiva
Criada em uma rígida família alemã, Gisela sofre por se sentir exilada em um mundo comandado por sua avó, a temida e autoritária matriarca Frau Wolf. Dividida entre a obrigação de seguir as duras normas da educação alemã e a vontade de ser como as outras crianças, admirando a mãe, uma 'intrusa' que tenta se integrar na família 'germânica', a menina cresce ambivalente, censurada pelo olhar crítico da avó e sentindo-se à sombra da prima, a preferida e perfeita Anemarie.
Em 'A Asas Esquerda do Anjo', Gisela conta a história de sua família, seus segredos - escondidos metaforicamente em uma portinha no porão; as mortes dolorosas e o anjo que guarda o mausoléu dos Wolf; os anseios e a culpa que a impedem de viver uma relação amorosa; a busca incessante pela aprovação em um lugar onde ela jamais seria igual aos outros.

Reunião de Família (1982) – 127 pág
Sinopse extraída do site da Livraria Saraiva
Criados de forma severa por um pai repressor e violento, Alice, Evelyn e Renato cresceram marcados pela insegurança, submissão, desconfiança, desunião e, acima de tudo, pela falta de amor. Quando o filho de Evelyn morre em um trágico acidente e ela passa a se comportar de forma estranha, acreditando que o menino ainda está vivo, a família decide se reunir para ajudar a irmã caçula. Mas nada acontece como esperado: o fim de semana que deveria servir para unir transforma-se numa catarse de culpas e segredos, um terrível jogo da verdade no qual os papéis de vítima e algoz se invertem. "Reunião de Família", terceiro romance de Lya Luft, compõe com "As Parceiras" e "A Asa Esquerda do Anjo" o que alguns críticos consideram a "trilogia da família". Neles são dissecados alguns dos valores que dão sustentáculo a nossa sociedade e são destruídas as falsas aparências que, em detrimento de todos os impulsos de vida e autenticidade, se constroem a partir de uma opressão mutiladora. Neste livro, o leitor encontrará, em uma linguagem sóbria e refinada, os conflitos familiares dramáticos diante de situações extremas que tanto fascinam a autora: a incomunicabilidade e amor, solidão, morte, mistério e busca de sentido.
Da “nova Lya” eu li Pensar é Transgredir, um dos seus livros mais vendidos. Devo admitir que gostei muito dessa obra, principalmente da crônica que deu nome ao livro.

domingo, 11 de setembro de 2011

Passando adiante dicas que recebi

Eu sou uma daquelas viciadas em livros que mesmo não tendo tempo para lê-los (como é o caso no momento) encontra tempo para comprá-los.
Assim, a listinha de maravilhosos livros adquiridos e não lidos só cresce aqui em casa (shame on me!).
Mas considerando que a maioria deles me foi sugerida por pessoas de aguçado senso crítico, acho que vale a pena passar adiante a indicação mesmo sem tê-los lido (quando tiver tempo de devorá-los, prometo postar aqui minha crítica detalhada).
Boa leitura a todos! Depois postem comentários falando o que acharam das obras.

O Andar do Bêbado – Leonard Mlodinow (indicação da Siba)

Fora de Série – Malcolm Gladwell (outra indicação da Siba)
Resenha, opinião de leituras e link para download do primeiro capítulo:

Freakonomics – Steven Levitt (comprado na empolgação depois de ler um artigo muito legal a respeito)
Blog do livro. Completíssimo!

Reparação – Ian McEwan (indicação da Juliana Zweifel)
O livro x o filme (Desejo e Reparação):
Helena de Tróia – Margaret George (escolhi na livraria)
Não encontrei nenhuma resenha ou informação que valesse a pena compartilhar a fonte aqui. Vocês terão que aguardar os meus comentários sobre a obra (ou ler o livro antes disso!). ;o)

Auto-engano – Eduardo Giannetti (indicação da Adriana Gomes)
Esse estou lendo, a passos de tartaruga, porque a pós tem consumido meus minutos livres. Deverá ser concluído nos próximos dias.
Trechos do livro:

sábado, 3 de setembro de 2011

Como funciona esse blog

Gente, só para deixar claro: minha intenção aqui não é contar tintin por tintim o que acontece num livro. Não é ser tão detalhista a ponto de não deixar nada a ser descoberto.
Eu, particularmente, detesto quando isso acontece. Eu gosto de simplesmente saber de antemão que um livro é bom, ter uma vaga idéia da história que será contada e deixar todo o resto para ser desvendado depois.
Afinal, é aí que se encontra o verdadeiro prazer da leitura: na curiosidade alimentada sem pressa, na descoberta que se dá pouco a pouco e no envolvimento criado com o tempo.
Aqui, darei breves pinceladas sobre as obras que considero valiosas e indicarei os caminhos seguros para quem quiser conhecê-las melhor. O resto fica por conta de vocês. Combinado assim?

PS: sei que estou devendo atualizações mais constantes, mas minhas obrigações da pós estão consumindo quase todo o tempo livre. No momento estou lendo Auto-engano, do Eduardo Giannetti. Assim que concluí-lo, posto aqui meus comentários. Mas de antemão já informo: é ótimo!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Mundo Pós Aniversário – Lionel Shriver


Dessa vez o blog tem novidades!

Duas resenhas sobre o mesmo livro. Nada mais justo, afinal, ele conta a mesma história sob dois pontos de vista completamente opostos.
Uma das resenhas é minha, a outra é da Regina Sato, outra leitura compulsiva.
Nós lemos o livro no mesmo período e produzimos as resenhas quase no mesmo dia. Tudo para não perder o timing e a essência.
Esperamos que gostem!


O Mundo Pós Aniversário
Por Regina Sato

‘Ninguém é perfeito.’

É dessa forma simples e um tanto quanto ingênua que a autora começa nos contar a história de três seres humanos. Sim, cruel e assustadoramente humanos.  Tão terráqueos quanto qualquer um de nós.

A autora nos apresenta Irina McGovern, norte-americana, residente em Londres, por volta dos quarenta anos de idade e ilustradora de livros infantis. Casada com Lawrence Trainer, um intelectual, sóbrio e sólido. Trabalha com pesquisas estratégicas e possui valores morais invejáveis. Um casal de vida estável, rotina necessária para saúde mental de ambos e linguagem própria. O terceiro personagem surge, e Irina se encontra em meio ao maior dilema de sua vida emocional: beijar ou não beijar um outro homem?

Um romance como outros milhares já existentes. Nada que pudesse me fazer  recomendar à qualquer pessoa que goste de ler. No meio do primeiro capítulo, eu tinha a vaga impressão que seria uma leitura à lá ‘cinema sessão da tarde’. Comédia romântica que você já prevê o final depois de vinte minutos.

O mundo, junto com a minha opinião, mudou muito após o tal aniversário. É no pós-aniversário de Ramsey Acton, o terceiro personagem, que tudo fica nebuloso e eu comecei a ler o livro como se houvesse um espelho por trás das linhas, me obrigando a ver-me constantemente em meio as dúvidas de Irina. Dividida entre um intelectual sóbrio e um jogador de sinuca, sensual e apreciador de cigarros e bebidas.

A partir dessa apresentação de personagens comuns e com dúvidas comuns, a autora dá largada ao universo do ‘what if’. Aquele que existe no consciente e subconsciente de qualquer pessoa desse planeta. Duas vidas totalmente diferentes, consequência da escolha de beijar ou não beijar. Trair ou não trair.

A grande sacada de Shriver é nos dar o direito de não termos personagens preferidos, heróis ou vilões. Ela não defende nenhum lado, não é moralista e não nos deixa ser. Não sentimos raiva de um personagem mais do que de outro. Ela não escolhe o destino dos personagens. Ela expõe fria  e verdadeiramente a influência de outros em nossos atos e em nossas personalidades. Defende a cada instante que somos ‘produto do nosso meio’.

Sendo uma história profundamente humana, assim como na vida, há altos e baixos, há mudança de rítmos, e em alguns momentos nada acontece. E em outros, tudo acontece. Assim como nós, assim como os personagens, a autora assume: ela também não é perfeita.
Recomendo a leitura seguramente.


O Mundo Pós Aniversário 
Por Shirley Hilgert Dantas de Carvalho

O Mundo Pós Aniversário é um livro que demorou a acontecer, mas quando ele finalmente mostrou para que veio, surpreendeu.

Ele fala, basicamente, sobre as implicações de uma escolha, e, ao longo de suas páginas, a autora descreve os dois caminhos que a vida da personagem principal poderia ter seguido caso ela tivesse optado por beijar ou não um amigo do casal (sim, ela é casada) no dia do seu aniversário.

A partir desse momento de ruptura, as duas histórias correm em paralelo, sendo sempre um capítulo contando a história da Irina contida, que não beijou o atraente amigo, e da Irina inconsequente, que largou tudo que tinha para viver mais que uma aventura com um jogador de sinuca profissional. Nessa obra voltamos o eterno dilema “segurança x paixão”.

A autora arrasou na construção do perfil psicológico dos três principais personagens e foi extremamente feliz na criação de um paralelismo quase perfeito, mostrando pequenos detalhes e diálogos que se repetem nas duas histórias, mas com significados totalmente diferentes.

O grande defeito do livro foi o ritmo com que as coisas aconteceram na sua primeira metade. A história arrastou-se até próximo da página 300 e, somente a partir daí é que as coisas entraram num ritmo realmente eletrizante, com algo novo e surpreendente acontecendo a cada pouquíssimas páginas.

Indico a leitura para aqueles que gostam de histórias mais lentas e com um cunho psicológico bem forte e para aqueles que têm paciência de deixar um livro crescer aos poucos, pois de cara, não é uma obra que arrebata nosso coração, mas termina nos deixando de queixo caído.


Editora: INTRINSECA
Ano de Lançamento: 2009
Número de páginas: 544