quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Distância entre Nós – Thrity Umrigar

A Distância entre Nós é um livro que li há muito tempo atrás. Gostei tanto que depois de conhecê-lo saí por aí lendo tudo que encontrei da mesma autora: A Doçura do Mundo, Um lugar para Todos e o Tamanho do Céu. Só ficou de fora A primeira luz da manhã, que é sua autobiografia, mas que deverá entrar na minha listinha de próximas leituras

Todos os livros de Thrity Umrigar seguem o mesmo estilo de enredo, abordando assuntos como a diferença entre classes, o preconceito, a luta entre os sexos, a busca pelo pertencimento a um grupo e a procura do amor e da aceitação. As histórias são ambientadas na Índia ou nos Estados Unidos e são recheadas de muita sensibilidade, de olhar aguçado para detalhes e de personagens femininos extremamente fortes e marcantes. O talento da autora para a descriçao da sociedade onde as histórias se passam também é admirável.

Como li A Distância entre Nós há muito tempo atrás optei por postar aqui uma resenha de outro site, que considerei bem feita e fiel à obra. Essa descrição é do site Netsaber.

Netsaber: Distância entre Nós, romance pungente de Thrity Umrigar sobre uma mulher rica e sua criada oprimida, oferece uma visão sobre o papel das classes e dos sexos nos na Bombaim atual. Alternativamente contado através do olhar de Sera, uma viúva Parsi cuja filha grávida e o genro compartilham sua casa elegante, e Bhima a governanta idosa que tem de sustentar sua neta órfã, Umrigar faz um trabalho admirável ao criar duas personagens simpáticas cuja ligação vai bem mais além do que aquela de patroa e empregada. Quando encontramos Bhima pela primeira vez, ela está dividindo com Maya um colchão fino. Maya é a neta sobre quem ela depositou todos seus sonhos e esperanças, que só desmoronaram devido a uma gravidez inesperada e suas conseqüências desastrosas. Com o passar do tempo, ficamos sabendo que Sera e sua família usaram seu poder e dinheiro para influenciar nas vidas de Bhima e Maya, preocupando-se com o marido de Bhima depois de um acidente de trabalho, que o deixou alienado, e fornecendo fundos para a educação universitária de Maya. Também ficamos sabendo que a vida privilegiada de Sera não é como parece ser; depois de anos sofridos com a crueldade de sua sogra, ela teve de encarar os abusos emocionais e físicos de seu marido, dor esta que somente Bhima podia ver e aliviar. Apesar das tragédias e triunfos Sera e Bhima sempre partilharam uma ligação que transcendia classe e raça, um laço partilhado pelas duas mulheres cujos destinos pareciam sempre estar nas mãos de outros, fora do controle delas. Narrado com uma série de "flashbacks" e encontro nos dias presentes, A Distância Entre Nós ganha força com seu enredo e prosa. Uma linda história de tragédia e esperança. O segundo romance Umrigar com certeza fica nas mentes dos leitores.

Saiba mais:
§  Um Lugar para Todos  (2001)

§  A Primeira Luz da Manhã (2004)

§  A Distância entre Nós (2006)

§  A Doçura do Mundo (2007)

§  O Tamanho do Céu (2009)

Site da autora: http://www.umrigar.com

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Mulher do Viajante no Tempo – Audrey Niffenegger

Quando eu morei nos Estados Unidos, em 2009/2010, o livro A Mulher do Viajante no Tempo era o maior sucesso editorial. Fiquei morrendo de vontade de lê-lo, mas bateu aquela preguiça de encará-lo em Inglês. Entretanto, fiquei com a obra na cabeça e, esses dias, conversando com uma amiga que já o havia lido, resolvi comprá-lo.

Acertei em cheio. A Mulher do Viajante no Tempo era exatamente o tipo de livro que eu estava buscando: um romance gostoso, sem ser piegas.

O livro conta a história de Clare e Henry. Clare viu Henry pela primeira vez quando ela tinha seis anos e ele 42, mas Henry só conheceu Clare quando ele tinha 28 e ela 20. Estranho, não? Mas é assim mesmo que as coisas acontecem.

Henry, devido a um problema genético, é um viajante do tempo. Ele tem a sua vida linear, como qualquer ser humano normal, mas um outro Henry, de diversas idades, viaja no tempo e vai para o passado ou futuro. No seu presente, algumas coisas ele lembra nitidamente, outras não.

Henry e Clare vivem um daqueles amores que viram clássicos. Um daqueles romances que arrancam lágrimas da gente, em várias passagens do livro. É um amor incondicional, que rompe barreiras, aceita diferenças e ultrapassa a passagem do tempo.

Para quem está em busca de um romance bem apaixonado que, ao mesmo tempo é inteligente e não peca na pieguice, super indico essa obra. Eu o li em cinco dias.

Editora: Suma de Letras
Autora: Audrey Niffenegger
Ano: 2009
Páginas: 453

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Carta para alguém bem perto - Fernanda Young

Há dois dias terminei de ler o livro Carta para alguém bem perto, da Fernanda Young, e minha opinião geral sobre a obra foi: não gostei.

Ele começou meio chato, aí deu uma animada no meio, mas terminou sem entregar muita coisa. Algumas passagens foram de um humor ácido bem interessante, quase beirando o hilário, mas elas não serviram para salvar o todo.

O livro conta a história de Ariana, uma dondoca fútil e meio histérica, que tem uma relação um tanto estranha com seu marido Rodolfo (um negócio que a gente não sabe se é ou não amor, terminei o livro sem entender) e outra mais esquisita ainda com sua filha Daniela (acho que nunca caiu a ficha de que ela se tornou mãe).

Ariana tinha o sonho de ser bailarina, mas não o realizou. Casou-se com o homem que amava, que enriqueceu construindo um império supermercadista, e foi viver no apartamento de seus sonhos. Mas nenhuma dessas duas coisas fez dela uma mulher feliz.

O livro se passa um pouco em São Paulo, relatando a rotina de Ariana, e um pouco na Europa, contando detalhes de uma viagem que ela fez com um amigo gay de seu marido.

O título da obra, na minha opinião, também não tem muito a ver com o que acontece na história. As tais cartas não são nem para alguém “bem perto” nem em quantidade suficiente para dar nome ao livro.

Talvez eu seja uma pessoa um tanto quanto exigente no quesito humor (desconfio seriamente disso), mas preciso ser sincera aqui: este livro não é uma leitura que indico. Se a idéia é ler algo leve, bobinho e que arranque risadas, parta para Marian Keyes, arrisque Melancia ou É Agora ou Nunca (mas não caia na besteira de ler Um best seller para chamar de meu, é terrível!).

Informações adicionais
Número de páginas: 384
Autor(a): Fernanda Young
Editora: Rocco
Ano: 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reparação - Ian McEwan

O ano era 1935 e fazia um calor infernal naquele verão. Era para ser um dia corriqueiro, na casa de uma abastada família do interior da Inglaterra. O grande acontecimento seria apenas a chegada do irmão mais velho, que não morava mais em casa, e de seu jovem amigo. Todos aguardavam ansiosamente por isso.

A casa estava cheia: a mãe melancólica, a caçula com aspirações a escritora, a insolente e angustiada irmã do meio, os primos gêmeos de nove anos e sua frágil irmã, o irmão mais velho recém chegado, o amigo que visitava a primeira vez a casa e o filho da faxineira, que cresceu com a família como se fosse um membro dela.

O decorrer do dia é narrado através da visão de cada um desses personagens. Traduzindo suas impressões pessoais sobre os mais banais ou significativos acontecimentos.

A grande virada acontece à noite, quando tomado pela ilusão, devaneio, instinto de proteção e até vaidade, um dos personagens comente um crime não propriamente deliberado, e muda todo o curso da história dessa família.

Reparação é dividido em três partes. A primeira, que narra os fatos ocorridos num período de menos de 24h, é contada ao longo de 225 páginas e abre caminho para a envolvente história que está por vir. A segunda, que tem como pano de fundo a segunda guerra mundial é contanda através da visão de um personagem que está em pleno campo de batalha. E a terceira e última, que foi escrita tendo como foco principal a culpa e a eterna busca da reparação do crime cometido tantos anos antes.

Entretanto, o grande fechamento da obra somente acontece, na verdade, no epílogo. Na própria orelha do livro isso já fica claro: “...Mas o romance ganha uma nova perspectiva com base num dado qe só é revelado no epílogo. Retrospectivamente, o leitor percebe que o que estava em jogo ao longo de toda a obra, além da questão da culpa e do perdão, eram as relações entre estética e ética. E só então se dá conta de que o livro cuja leitura está terminando, à parte sua narrativa deslumbrante, é também uma reflexão sofisticada a respeito da natureza da literatura, seus poderes e suas limitações.”

Optei por copiar esse extrato tal qual ele aparece no livro porque é exatamente isso que tem que ser dito e eu não encontraria palavras melhores para fazê-lo.

Uma leitura que vale a pena. Principalmente pela reflexão final que ele nos oferece.

Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456

O livro foi adaptado para as telas de cinema com o título de Desejo e Reparação e indicado ao Oscar de melhor filme no ano de 2008.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Inspiração

Eu simplesmente ADORO ler. Ler tudo que é bom, é claro.  Amo um texto bem escrito, me delicio com palavras bem colocadas. Pode ser uma revista, um livro, um site ou um blog. Ultimamente, alguns blogs tem arrebatado meu coração. 

Eu amo ler como amo comer. Ok, é um enorme clichê, mas no meu caso é a mais pura verdade: uma leitura legal é o alimento da minha alma.

Um bom texto para mim é como uma obra de arte, como uma cena que rouba o meu fôlego. Eu chego a sentir algo por dentro, uma falta de ar, e o meu olho fica marejado. Juro que não estou exagerando e juro que estou fazendo uma força incrível para não parecer piegas.

E é tão bom sentir isso. Sentir essa vontade de tirar o chapéu e fazer reverência. De bater palmas em silêncio. De homenagear em pensamento alguém que soube te tocar profundamente sem nunca sequer ter cruzado com você.

Dias atrás, conheci pessoalmente alguém cujos textos eu sempre admirei. Vi que seu estilo é a exata tradução do seu jeito e que realmente ela é tudo aquilo que esparrama aos quatro ventos. Foi ela que me disse algo que eu nunca havia pensado, mas que é a mais pura verdade: “Livros de auto-ajuda não funcionam para mim, porque eles já vem com a receita pronta. Eu preciso é de inspiração.”

Bati o martelo. Sempre amei bons textos porque eles significam isso para mim: inspiração para fazer algo diferente e melhor. Ou pelo menos inspiração para tentar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Alguém conhece a outra Lya?

Eu era fã de Lya Luft. Numa época em que muito pouca gente falava dela. Numa época em que a sua visão do mundo não estava estampada na revista Veja semana sim, semana não.
Eu fui fã de Lya Luft numa época que seus grandes livros eram As Parceiras, Reunião de Família e O Quarto Fechado. Pelo menos, eram grandes livros para mim. Para a crítica, nem sei se chegaram a ser. Para o grande público, certamente não. Mas para mim foram obras encantadoras.
Eu devorava Lya Luft em tardes de domingo e em poucas horas. Me alienava no seu delicioso realismo fantástico, viajava no seu jeito único de contar histórias familiares e virava amiga íntima dos anões, dos duendes e das mulheres atormentadas que povoavam suas obras.
Eu achava que a minha relação com a Lya Luft seria assim para sempre. Ela escreveria histórias para poucos fãs e eu seria uma de suas admiradoras fiéis ao longo da vida.
Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram. Para sorte da Lya, creio eu. Hoje ela é uma das escritoras mais populares e respeitadas do nosso país e suas obras figuram entre as mais vendidas assim que são lançadas.
Eu não tenho nada contra ao novo estilo da Lya Luft. Assim como sou fã de realismo fantástico, também gosto de uma boa crônica e adoro de ouvir a opinião de pessoas sensatas e inteligentes. Só devo admitir que fiquei um pouco enciumada porque a Lya que era só minha, agora é de um batalhão de admiradores (e também por ela ter deixado de lado um estilo tão único e encantador e que eu adorava tanto).
Então, já que todo mundo conhece a nova Lya, acho que nada mais justo que alguns também tenham acesso à Lya antiga. Aquela Lya que escrevia para poucos, mas que sabia como ninguém encantar esses poucos.
Para colaborar um pouco com essa difusão das antigas obras da Lya Luft, deixo aqui três dicas de livros que li e adorei. Todos curtíssimos, que podem ser devorados em menos de duas horas.
Obs.: como li essas obras no final da década de 90 e não tenho tão fresca na memória detalhes das suas histórias, recorri aos sites da Livraria Cultura e da Saraiva para pegar as resenhas.

As Parceiras (1980) – 128 pág
... Uma visão feminina sobre uma família marcada pela morte, pela loucura, por um mundo decadente que a envolve e a desagrega. Em 'As parceiras', o leitor é apresentado à Anelise, vida à beira do caos, que procura no passado as razões para seu infortúnio. Ao passar das páginas, ela encontra a coragem para enfrentar os fantasmas que a perseguem; a avó Catarina - obrigada a casar aos 14 anos com um homem violento; a tia Beata - uma viúva virgem, marcada pela tragédia; a tia anã - figura grotesca que marca sua infância; a amiga Adélia - ausência para sempre sentida; a irmã Vânia - seu oposto completo, forte e decidida, mas com um estranho segredo.

A Asa Esquerda do Anjo (1981) – 109 pág
Sinopse extraída do site da Livraria Saraiva
Criada em uma rígida família alemã, Gisela sofre por se sentir exilada em um mundo comandado por sua avó, a temida e autoritária matriarca Frau Wolf. Dividida entre a obrigação de seguir as duras normas da educação alemã e a vontade de ser como as outras crianças, admirando a mãe, uma 'intrusa' que tenta se integrar na família 'germânica', a menina cresce ambivalente, censurada pelo olhar crítico da avó e sentindo-se à sombra da prima, a preferida e perfeita Anemarie.
Em 'A Asas Esquerda do Anjo', Gisela conta a história de sua família, seus segredos - escondidos metaforicamente em uma portinha no porão; as mortes dolorosas e o anjo que guarda o mausoléu dos Wolf; os anseios e a culpa que a impedem de viver uma relação amorosa; a busca incessante pela aprovação em um lugar onde ela jamais seria igual aos outros.

Reunião de Família (1982) – 127 pág
Sinopse extraída do site da Livraria Saraiva
Criados de forma severa por um pai repressor e violento, Alice, Evelyn e Renato cresceram marcados pela insegurança, submissão, desconfiança, desunião e, acima de tudo, pela falta de amor. Quando o filho de Evelyn morre em um trágico acidente e ela passa a se comportar de forma estranha, acreditando que o menino ainda está vivo, a família decide se reunir para ajudar a irmã caçula. Mas nada acontece como esperado: o fim de semana que deveria servir para unir transforma-se numa catarse de culpas e segredos, um terrível jogo da verdade no qual os papéis de vítima e algoz se invertem. "Reunião de Família", terceiro romance de Lya Luft, compõe com "As Parceiras" e "A Asa Esquerda do Anjo" o que alguns críticos consideram a "trilogia da família". Neles são dissecados alguns dos valores que dão sustentáculo a nossa sociedade e são destruídas as falsas aparências que, em detrimento de todos os impulsos de vida e autenticidade, se constroem a partir de uma opressão mutiladora. Neste livro, o leitor encontrará, em uma linguagem sóbria e refinada, os conflitos familiares dramáticos diante de situações extremas que tanto fascinam a autora: a incomunicabilidade e amor, solidão, morte, mistério e busca de sentido.
Da “nova Lya” eu li Pensar é Transgredir, um dos seus livros mais vendidos. Devo admitir que gostei muito dessa obra, principalmente da crônica que deu nome ao livro.

domingo, 11 de setembro de 2011

Passando adiante dicas que recebi

Eu sou uma daquelas viciadas em livros que mesmo não tendo tempo para lê-los (como é o caso no momento) encontra tempo para comprá-los.
Assim, a listinha de maravilhosos livros adquiridos e não lidos só cresce aqui em casa (shame on me!).
Mas considerando que a maioria deles me foi sugerida por pessoas de aguçado senso crítico, acho que vale a pena passar adiante a indicação mesmo sem tê-los lido (quando tiver tempo de devorá-los, prometo postar aqui minha crítica detalhada).
Boa leitura a todos! Depois postem comentários falando o que acharam das obras.

O Andar do Bêbado – Leonard Mlodinow (indicação da Siba)

Fora de Série – Malcolm Gladwell (outra indicação da Siba)
Resenha, opinião de leituras e link para download do primeiro capítulo:

Freakonomics – Steven Levitt (comprado na empolgação depois de ler um artigo muito legal a respeito)
Blog do livro. Completíssimo!

Reparação – Ian McEwan (indicação da Juliana Zweifel)
O livro x o filme (Desejo e Reparação):
Helena de Tróia – Margaret George (escolhi na livraria)
Não encontrei nenhuma resenha ou informação que valesse a pena compartilhar a fonte aqui. Vocês terão que aguardar os meus comentários sobre a obra (ou ler o livro antes disso!). ;o)

Auto-engano – Eduardo Giannetti (indicação da Adriana Gomes)
Esse estou lendo, a passos de tartaruga, porque a pós tem consumido meus minutos livres. Deverá ser concluído nos próximos dias.
Trechos do livro:

sábado, 3 de setembro de 2011

Como funciona esse blog

Gente, só para deixar claro: minha intenção aqui não é contar tintin por tintim o que acontece num livro. Não é ser tão detalhista a ponto de não deixar nada a ser descoberto.
Eu, particularmente, detesto quando isso acontece. Eu gosto de simplesmente saber de antemão que um livro é bom, ter uma vaga idéia da história que será contada e deixar todo o resto para ser desvendado depois.
Afinal, é aí que se encontra o verdadeiro prazer da leitura: na curiosidade alimentada sem pressa, na descoberta que se dá pouco a pouco e no envolvimento criado com o tempo.
Aqui, darei breves pinceladas sobre as obras que considero valiosas e indicarei os caminhos seguros para quem quiser conhecê-las melhor. O resto fica por conta de vocês. Combinado assim?

PS: sei que estou devendo atualizações mais constantes, mas minhas obrigações da pós estão consumindo quase todo o tempo livre. No momento estou lendo Auto-engano, do Eduardo Giannetti. Assim que concluí-lo, posto aqui meus comentários. Mas de antemão já informo: é ótimo!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Mundo Pós Aniversário – Lionel Shriver


Dessa vez o blog tem novidades!

Duas resenhas sobre o mesmo livro. Nada mais justo, afinal, ele conta a mesma história sob dois pontos de vista completamente opostos.
Uma das resenhas é minha, a outra é da Regina Sato, outra leitura compulsiva.
Nós lemos o livro no mesmo período e produzimos as resenhas quase no mesmo dia. Tudo para não perder o timing e a essência.
Esperamos que gostem!


O Mundo Pós Aniversário
Por Regina Sato

‘Ninguém é perfeito.’

É dessa forma simples e um tanto quanto ingênua que a autora começa nos contar a história de três seres humanos. Sim, cruel e assustadoramente humanos.  Tão terráqueos quanto qualquer um de nós.

A autora nos apresenta Irina McGovern, norte-americana, residente em Londres, por volta dos quarenta anos de idade e ilustradora de livros infantis. Casada com Lawrence Trainer, um intelectual, sóbrio e sólido. Trabalha com pesquisas estratégicas e possui valores morais invejáveis. Um casal de vida estável, rotina necessária para saúde mental de ambos e linguagem própria. O terceiro personagem surge, e Irina se encontra em meio ao maior dilema de sua vida emocional: beijar ou não beijar um outro homem?

Um romance como outros milhares já existentes. Nada que pudesse me fazer  recomendar à qualquer pessoa que goste de ler. No meio do primeiro capítulo, eu tinha a vaga impressão que seria uma leitura à lá ‘cinema sessão da tarde’. Comédia romântica que você já prevê o final depois de vinte minutos.

O mundo, junto com a minha opinião, mudou muito após o tal aniversário. É no pós-aniversário de Ramsey Acton, o terceiro personagem, que tudo fica nebuloso e eu comecei a ler o livro como se houvesse um espelho por trás das linhas, me obrigando a ver-me constantemente em meio as dúvidas de Irina. Dividida entre um intelectual sóbrio e um jogador de sinuca, sensual e apreciador de cigarros e bebidas.

A partir dessa apresentação de personagens comuns e com dúvidas comuns, a autora dá largada ao universo do ‘what if’. Aquele que existe no consciente e subconsciente de qualquer pessoa desse planeta. Duas vidas totalmente diferentes, consequência da escolha de beijar ou não beijar. Trair ou não trair.

A grande sacada de Shriver é nos dar o direito de não termos personagens preferidos, heróis ou vilões. Ela não defende nenhum lado, não é moralista e não nos deixa ser. Não sentimos raiva de um personagem mais do que de outro. Ela não escolhe o destino dos personagens. Ela expõe fria  e verdadeiramente a influência de outros em nossos atos e em nossas personalidades. Defende a cada instante que somos ‘produto do nosso meio’.

Sendo uma história profundamente humana, assim como na vida, há altos e baixos, há mudança de rítmos, e em alguns momentos nada acontece. E em outros, tudo acontece. Assim como nós, assim como os personagens, a autora assume: ela também não é perfeita.
Recomendo a leitura seguramente.


O Mundo Pós Aniversário 
Por Shirley Hilgert Dantas de Carvalho

O Mundo Pós Aniversário é um livro que demorou a acontecer, mas quando ele finalmente mostrou para que veio, surpreendeu.

Ele fala, basicamente, sobre as implicações de uma escolha, e, ao longo de suas páginas, a autora descreve os dois caminhos que a vida da personagem principal poderia ter seguido caso ela tivesse optado por beijar ou não um amigo do casal (sim, ela é casada) no dia do seu aniversário.

A partir desse momento de ruptura, as duas histórias correm em paralelo, sendo sempre um capítulo contando a história da Irina contida, que não beijou o atraente amigo, e da Irina inconsequente, que largou tudo que tinha para viver mais que uma aventura com um jogador de sinuca profissional. Nessa obra voltamos o eterno dilema “segurança x paixão”.

A autora arrasou na construção do perfil psicológico dos três principais personagens e foi extremamente feliz na criação de um paralelismo quase perfeito, mostrando pequenos detalhes e diálogos que se repetem nas duas histórias, mas com significados totalmente diferentes.

O grande defeito do livro foi o ritmo com que as coisas aconteceram na sua primeira metade. A história arrastou-se até próximo da página 300 e, somente a partir daí é que as coisas entraram num ritmo realmente eletrizante, com algo novo e surpreendente acontecendo a cada pouquíssimas páginas.

Indico a leitura para aqueles que gostam de histórias mais lentas e com um cunho psicológico bem forte e para aqueles que têm paciência de deixar um livro crescer aos poucos, pois de cara, não é uma obra que arrebata nosso coração, mas termina nos deixando de queixo caído.


Editora: INTRINSECA
Ano de Lançamento: 2009
Número de páginas: 544







segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leila Diniz - Uma revolução na praia

Confesso que sempre ouvi falar de Leila Diniz, mas nunca havia entendido muito bem o que essa moça fez para gerar tanto escândalo em sua época. Tirando o fato de ela ter aparecido grávida e de biquíni numa praia do Rio de Janeiro em pleno início da década de 70, quando ninguém se arriscava a fazer isso, o resto para mim era desconhecido.

Mas certa vez resolvi dar uma espiadinha no livro Leila Diniz: Uma revolução na praia e percebi que dedicar algumas horas para saber mais sobre a vida dessa marcante figura não seria uma tarefa penosa.

Leila Diniz realmente “causou” na sua época. Ela fez coisas bem normalzinhas para os dias de hoje, mas que há 40 anos deixavam qualquer pessoa “de boa família” de cabelos em pé. Ela foi, acima de tudo, uma mulher incrível de uma personalidade marcante, que com seu jeito desbocado, irreverente e espontâneo desencadeou mudanças sem volta no comportamento feminino nacional.

A história de Leila Diniz se mistura, de certa forma, com a história do Brasil das décadas de 60 e 70, quando a ditadura pegou valendo e só quem tinha “culhões” (mesmo não os tendo de fato) ia em frente para expressar suas insatisfações e dar voz aos seus anseios. Exatamente o que Leila fez, sem se preocupar se estava agradando os de direita, os de esquerda ou  ninguém.

Leila Diniz foi embora muito cedo (e repentinamente), mas não sem antes deixar a sua valiosa contribuição para termos hoje uma sociedade menos hipócrita. Sem querer pregar sua ideologia, mas fazendo isso naturalmente, Leila Diniz revolucionou a forma com que a sociedade via a mulher, coisa que trouxe consequências que podem ser vistas e vividas até os dias de hoje.

Está aí uma leitura leve, gostosa e que dá boas pinceladas na história do Brasil. Indico para quem gosta de biografias de grandes mulheres, rapidíssimas de serem lidas e que nos prendem desde o primeiro parágrafo.

Autor: Joaquim Ferreira dos Santos
Páginas: 280
Ano: 2008

sábado, 18 de junho de 2011

Três ótimos livros de Irvin D. Yalom

Quem nunca ouviu falar de Quando Nietzsche Chorou? Foi um best seller que quase metade da população adepta à leitura devorou. Comigo não foi diferente. Rendi-me à fictícia e altamente criativa história sobre o surgimento da psicanálise na Viena do século XIX.
Mas eu não comecei a ler Yalom por causa desse livro. E nem esta foi a obra dele que mais me encantou. Eu conheci Yalom lendo A Cura de Schopenhauer e caí de amores por ele quando li Mentiras no Divã. As obras de Yalom tem sempre como foco central a psicologia. O que não poderia ser diferente, já que Yalom é um renomado psicoterapeuta há mais de 50 anos.
Abaixo uma breve descrição de três livros de Yalom que eu super indico:

Quando Nietzsche Chorou (2004 / 407 páginas) - Uma obra inteligente e envolvente que fala sobre o início da psicoterapia. Traz personagens fictícios (Dr. Breuer) e reais (Freud e Nietzsche),mas que historicamente nunca se encontraram de fato. A construção dos diálogos e do perfil dos personagens é feita em cima de uma cuidadosa e detalhada pesquisa e a obra traz, ainda, trechos de correspondências reais. De tão bom que é o livro, a gente termina torcendo para que a história tivesse acontecido exatamente da forma como é contada. (Saiba mais em: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/63583)

A Cura de Schopenhauer (2006 / 336 páginas) - Um médico psicoterapeuta descobre que está com câncer e que morrerá em pouco tempo. Inicia então um processo de revisão de sua existência em que revê sua trajetória profissional. Neste busca pelo entendimento de algumas questões, depara-se com o caso de um paciente cujo problema ele não conseguiu curar. A obra aproxima temas aparentemente distantes como a filosofia (principalmente a filosofia pessimista de Schopenhauer) e a terapia de grupo. A obra segue a mesma fórmula que mistura realidade e ficção encontrada em “Quando Nietzsche Chorou”.

Mentiras no Divã (2006 / 404 páginas) - Na minha opinião, o melhor dos três. Conta uma história intrigante sobre a moralidade das terapias e a complexidade das emoções humanas através do relacionamento de três terapeutas com seus pacientes. Aborda questões como má conduta sexual, ambição, cobiça e vício entre outros temas que despertam a nossa curiosidade e interesse até a última página.

Obs.: Do mesmo autor também li Os Desafios da Terapia e Mamãe e Sentido da Vida, mas essas obras eu não indico. Yalom ainda lançou De Frente para o Sol, Vou Chamar a Polícia e O Carrasco do Amor. Esses três últimos eu não li.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Três ótimos livros para curtir nos dias de frio

O frio chegou para valer e, com esse clima, nada melhor que uma xícara de chá fumegante e um livro inesquecível.

Abaixo três dicas de obras que, na minha opinião, não podem ficar fora da estante de quem realmente curte uma boa e envolvente leitura.

Bom proveito!

Para ver a economia com outros olhos...

O valor do amanhã (328 pág) – Neste livro, Eduardo Giannetti mistura economia, biologia e filosofia e trata assuntos corriqueiros, como a aquisição de um simples bem, ou grandes dilemas humanos, como a morte, de uma forma muito interessante, sempre tendo em mente o impacto dos juros sobre estas questões. Faz pensar, questionar e rever conceitos, mas leitura é leve e envolvente. Vale a pena! (Resenha em: http://planetalivros.blogspot.com/2008/02/o-valor-do-amanh.html)

Para se deliciar com um romance filosófico...

A elegância do ouriço (352 pág) – Um romance filosófico muito bem construído e com grande poder de capturar nossa atenção. Descreve a relação de duas personagens à primeira vista bem diferentes: a discreta concierge de um sofisticado prédio e uma melancólica moradora deste edifício, de apenas 12 anos de idade. Do encontro dessas duas protagonistas surgem ótimos insights sobre temas que tanto nos inquietam: o tempo e a eternidade, a arte e a beleza, a justiça e o amor. (Resenha em: http://www.infoescola.com/livros/a-elegancia-do-ourico/)

Para saber mais sobre a história do Brasil...

Chatô, o rei do Brasil (720 pág) – Uma maravilhosa biografia de Fernando Morais, que muito mais do que descrever a vida de um dos homens mais poderosos e polêmicos do Brasil, narra os principais fatos da história nacional, contados com aquele quê de “um pezinho nos bastidores” (o que torna a obra ainda mais interessante). O tamanho pode assustar, mas o livro é viciante. Obs.: não encontrei nenhuma resenha à altura do livro para indicar. Mas pode iniciar a leitura com fé, não tem erro!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Gostar de ler torna a vida das pessoas mais fácil

Nem todas as pessoas gostam de ler. Isso é absolutamente normal. Eu não gosto de esportes em equipe. Conheço gente, e não é uma única pessoa, que não gosta de viajar. Tem gosto para tudo nesse mundo. Mas aqueles que encontram um verdadeiro e genuíno prazer na leitura são pessoas para as quais a vida se apresenta mais leve. Quer ver por que?

Eu amo ler. Minhas bolsas são sempre grandes o suficiente para carregar um livro. Tem gente que não sai de casa sem brinco, sem baton, sem perfume. Eu não saio sem filtro solar e um bom livro. Isso me traz algumas vantagens:

Para mim não tem tempo ruim - Literal e conotativamente. Se tenho que esperar por horas por alguém, saco meu livro e até torço para o tempo parar. Se vou para a praia e chove, eu não fico me lamentando. Eu aproveito o programa tanto quanto em um dia de sol a pino.

Eu economizo tempo - O hábito da leitura me fez ler mais rápido. Hoje minha leitura deve ser uns 20% ou 30% mais veloz que a da média das pessoas. Sendo assim, sobra mais tempo livre para fazer outras coisas que também me dão prazer (isso se aplica às minhas leituras da pós, que nem sempre são o meu programa favorito do final de semana).

Dificilmente fico sem assunto - Tudo bem, talvez nem todo mundo ache isso bom, mas para mim é super conveniente. De 12 a 90 anos, acho que consigo engrenar uma conversa razoável com qualquer pessoa.

Dificilmente sofro de solidão – Acabei de casar, mas, infelizmente, meu marido trabalha e viaja mais do que eu gostaria. Quando ele não está por perto, eu tampouco estou sozinha. Sempre tem um bando de gente rondando meus pensamentos e me fazendo companhia. Muitas vezes, eu também viajo, só que sem sair de casa. Ontem, por exemplo, eu estive no Irã.

Minhas pequenas indulgências são absolutamente acessíveis – Posso encontrar a uma boa leitura até de graça, se eu quiser. Não preciso gastar centenas de reais comprando algo bem caro para me sentir presenteada, basta um bom livro, com uma capa bem linda e com cheiro de novinho (Nisso, a leitura também facilita a vida dos meus amigos).

Poderia ficar discorrendo por horas sobre como o gosto pela leitura deixa a vida da gente mais simples, mas vou ficar, por aqui.

A boa notícia é que ninguém nasce apaixonado por livros. Nem eu mesma era uma leitora assídua até alguns anos atrás. Ler, assim como praticar exercícios físicos e ter uma alimentação balanceada, é questão de hábito. A gente começa sabendo que tem que fazer, depois se acostuma àquilo, quando percebe, já não consegue imaginar a própria vida sendo levada de uma forma diferente.

sábado, 2 de abril de 2011

Querido John - Nicholas Sparks

Já intuia que Querido John não seria meu estilo de livro, mas como o mundo todo estava lendo-o, não controlei minha curiosidade. É um livro que se lê rapidinho (quatro noites), mas que, definitivamente, não entrará para a lista dos meus favoritos.
Ele conta uma típica história americana: a linda, perfeita e religiosa garota que se apaixona por um jovem e dedicado soldado. E vice versa, é claro.
O livro é recheado de clichês: rebeldia, ensinamentos morais, separações, doenças e muita dor. Teve espaço até para o 11 de setembro e para a guerra que este episódio deu origem. Triste no último!
Para mim, ele está mais para aqueles romances "Julia", "Sabrina" e afins do que para um livro bom de verdade.
Obs: Vale lebrar que já conversei com pessoas que simplesmente amaram esse livro e disseram que foi a melhor obra que já leram na vida. Va entender, né!
Informações técnicas sobre a obra:
Título Original: Dear John Autor: Nicholas Sparks Número de Páginas: 288

sexta-feira, 25 de março de 2011

Revista Sorria - Editora MOL

Desde a primeira vez que eu li a Sorria me apaixonei por ela. O visual é lindo, os textos são leves e absolutamente bem escritos e os conteúdos são para lá de relevantes. Toda vez que tenho uma Sorria em mãos, eu termino meu dia mais feliz!

A Sorria, para quem ainda não conhece, é uma revista diferente, que não vende em banca e não é possível assinar (infelizmente). Ela é distribuida nas lojas da Droga Raia de todo o país, custa só R$ 2,95, e toda sua renda, descontados os impostos, é revertida para o Graac e o Instituto Airton Senna.

Na minha opinião, o grande mérito da Sorria é o bem que ela faz, não somente ajudando as instituições de caridade apoiadas mas, principalmente, transformando a vida de quem a lê. É absolutamente impossível terminar a Sorria sem ficar pensando em como fazer as coisas de uma forma diferente, buscando construir um mundo melhor e ser mais feliz.

Em suas 18 edições, a Sorria já abordou assuntos como educação, perdão, escolhas, recomeço e fé, sempre contando histórias lindas e comoventes. Todos os textos são encantadores, beirando o poético, mas eu destaco principalmente os editoriais da Roberta. Dá vontade de guardar dentro do coração, para não esquecer jamais.

Da próxima vez que você for a uma Droga Raia, não saia de lá sem uma Sorria embaixo do braço. Tenho certeza que você irá descobrir uma das melhores opções de leitura disponíveis em por aí.

Conheça melhor a Sorria:

http://www.revistasorria.com.br

segunda-feira, 21 de março de 2011

Filha, Mãe, Avó e Puta – Gabriela Leite

Todo esse burburinho em cima do filme Bruna Surfistinha, que ainda não assisti, mas que está na minha lista de pendências, me fez querer escrever sobre o livro Filha, Mãe, Avó e Puta, da escritora Gabriela Leite.

Quando ouvi falar pela primeira vez sobre o livro, que é autobiográfico, coloquei em dúvida a qualidade da obra (afinal, não era bem pelos seus dotes literários que a autora era famosa), mas tive uma grande e grata surpresa assim que iniciei a leitura das primeiras páginas. Além da história ser interessantíssima, ela foi excepcionalmente bem contada, levando-nos a conhecer e entender o universo infame da prostituição (que normalmente olhamos de cima e com grande desprezo) de uma forma um pouco menos preconceituosa.

Filha, mãe, avó e puta conta a trajetória de Gabriela, uma jovem paulistana de classe média, ex-aluna dos melhores colégios de São Paulo e estudante do curso de filosofia da USP (no qual passou em segundo lugar) que, aos 22 anos, decide tornar-se prostituta.

O interessante da história de Gabriela é que ela não escolheu o rumo de sua vida por falta de opção. Mas por que essa era a SUA opção. Não porque queria dinheiro “fácil” para pagar por luxos aos quais não tinha acesso. Mas porque queria ter acesso a um mundo diferente, que lhe parecia normal e verdadeiro.

Gabriela passou por situações tristes, deprimentes e degradantes, afastou-se de sua família e foi afastada do convívio com suas filhas, mas não se arrepende de nada. Dá até para entender: tudo isso fez dela o que ela é hoje - uma socióloga respeitada, fundadora da ONG Davida e da grife Daspu e figura atuante na discussão e defesa de assuntos relacionados à prostituição.

Na minha opinião, o grande mérito da obra, além da competência com que foi escrita, é o fato dela conseguir incitar em nós um pouco de respeito por este universo que nos parece, a primeira vista, tão aversivo.

  • INFORMAÇÕES TÉCNICAS SOBRE O LIVRO:
  • Autor: GABRIELA LEITE
  • Ano: 2009
  • Número de páginas: 228

Perfil de Gabriela, escrito por Flávio Lenz Serra, para o livro “Eu, mulher da vida”:

“Gabriela tornou-se prostituta por opção. Antes de entrar “na vida”, muitas vidas viveu com intensidade: adolescente classe média, universitária da USP nos anos 60, secretária de multinacionais, mulher de malandro, mãe solteira. Ovelha negra em pele de lobo, ochão fugia aos seus pés quando ela decidiu partir de uma vez por todas, para a marginália. ‘Aí começa o meu grande tesão de atuar nesse mundo.’

Das zonas na Boca do Lixo, em São Paulo, à militância política nas organizações internacionais de prostitutas, muitas águas rolaram. Em sua luta pela dignidade das profissionais do sexo, Gabriela se envolveu de corpo e alma em movimentos religiosos e sociais, como a Teologia da Libertação, organizações não-governamentais (ONGs), setores do governo, grupos feministas, partidos políticos, guetos e tribos. Sem temer podres poderes e nunca engolindo hipocrisias, ela desvenda os bastidores desses diversos mundos e nos mostra que estamos todos no mesmo barco, participando de uma difícil batalha pelo encontro de um desejo, que é pessoal e único.

Nesse campo do sonho e do desejo atua a prostituta. Mulher da vida, guarda consigo a chave de um mistério, que sempre será mágico."

Leia um trecho da obra na revista Veja:

http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/filha-mae-avo-e-puta.html

segunda-feira, 14 de março de 2011

Texto: O Poder de Não Saber - Sylvio Ribeiro

Reproduzo aqui um texto ótimo, de Sylvio Ribeiro, extraído do blog Pequeno Guru.
Ele fala sobre o eterno aprendizado, coisa que eu realmente amo, admiro e tento colocar em prática.
Que todos nós sejamos inspirados por essas palavras....
O PODER DE NÃO SABER

Eu desejo chegar aos 50 com a mesma sensação que tenho hoje: a de que não sei nada. Tenho a certeza que já vivi aos 26 mais do que muitas pessoas de 30 e de que li mais livros do que vários executivos de 40. Mas eles não são parâmetros para mim, não é onde eu almejo chegar. Não importa o quanto me esforce, eu provavelmente nunca terei a metade do conhecimento de um Albert Eistein, Philip Kotler ou Leo Tolstói. Mesmo assim, os tenho como referências. O importante é a jornada, não a chegada. Essas “divindades do conhecimento” seguiram um princípio que é a base da vida: a de que sempre tem algo novo a aprender.

Pessoas mais velhas transmitem credibilidade. Pessoas mais novas transmitem inocência — e no caso de empresas, incompetência. Quando as pessoas mais velhas não abrem mão dessa inocência, elas se tornam grandes profissionais, grandes pais, mães e seres humanos exemplares. A única coisa mais chata que a prepotência de um homem de 40, é a de um homem de 25. Considerada uma das principais receitas do sucesso, é preciso cercar-se de pessoas que lhe ensinem algo a cada dia, pessoas melhores e mais experientes que você; o que na maioria dos casos significa que elas serão mais velhas. No entanto, isso não é regra. Você pode aprender tanto com um colega talentoso como com um chefe experiente.

Pessoas que pararam de aprender não têm o direito de ensinar, não que elas não saibam nada, mas porque não são um bom exemplo. Os melhores professores, gurus e pesquisadores do mundo são “velhos” (sem ofensas) não por causa da idade, da experiência natural da vida, mas porque eles nunca pararam de absorver conhecimento, descobrir coisas novas e questionar paradigmas. Quando você achar alguém assim, não saia de perto.

Sede por conhecimento costuma ser um traço da personalidade — como uma criança curiosa que pergunta tudo e abre uma empresa chamada Microsoft –, mas que geralmente é impulsionado por um propósito: passar em uma grande universidade, obter o diploma, conseguir um emprego, tornar-se um executivo… Muitas pessoas estariam satisfeitas ao chegarem aqui. Quando isso acontece, a maioria assume que já sabe o suficiente, que é hora de ensinar. E aí voltamos para a questão de personalidade. Ser um eterno aprendiz tem mais a ver com a sua visão de mundo do que um objetivo de vida.

Pergunte para um pai ou uma mãe o que seus filhos lhe ensinaram. Independente da idade, as crianças estão sempre nos ensinando algo. Não existe hora de aprender ou de ensinar, é tudo uma coisa só. E o barato da vida é esse, você pode tanto ensinar aos 16 como aprender aos 52.

Quanto mais cedo você assumir que não sabe nada sobre quase nada, melhor para você. Mantenha a inocência de uma criança e o empenho de um estagiário, dê importância para o conteúdo em vez da idade ou posição. Isso parece papo de livro de auto-ajuda barato, mas olhe para os maiores profissionais da sua área, as pessoas que inspiram você (exceto sua família) e você verá que embora fossem grandes, consideravam-se pequenos.

domingo, 13 de março de 2011

O Ponto da Virada – Malcolm Gladwell

Há muitos anos, e mais frequentemente ultimamente, me faço uma específica pergunta: o que faz com que algumas coisas dêem certo e virem febre enquanto outras simplesmente definham até morrer? Por que, por exemplo, um restaurante ou bar é o maior sucesso enquanto outro, muito parecido e localizado quase ao lado do primeiro, simplesmente não emplaca? Já me vi, inúmeras vezes, sentadas justamente na mesa de um restaurante ou bar com essa pergunta em mente.

O Otávio sempre insistiu que essa é uma questão simples e lógica (vindo de um engenheiro, é claro, essa resposta não me surpreende). Para ele, um restaurante dá certo porque tem um bom serviço, possui um ambiente agradável, fornece uma ótima comida por um preço justo (ou por um preço absurdo que atribua valor ao produto), faz uma divulgação adequada e está localizado num área que condiz como seu perfil e atrai um fluxo interessante de pessoas.

Claro que eu tinha que concordar com ele, pois isso realmente parecia lógico. Mas, para mim, sempre faltava alguma coisa. Eu sempre achava que deveria ter um “algo mais”, alguma coisa subjetiva e quase incosciente, que separava os meros sobreviventes daquilo que viraria moda (afinal, se não, seria muito fácil seguir a cartilha e lançar idéias, produtos, serviços, negócios e atitutes que se tornariam sucesso absoluto de uma hora para a outra).

O livro O Ponto da Virada, veio justamente trazer um pouco de luz para esta questão. Uma ótima indicação da minha querida amiga Siba, ele fala justamente sobre os aspectos que fazem com que algo atinja o ponto da virada e se torne uma epidemia social (ou seja, com que uma idéia seja “comprada” por um grande número de pessoas e que essa compra não seja momentânea, mas perene). Para o autor, a idéia do “ponto da virada” é justamente o momento em que pequenas mudanças entram em ebulição, fazendo com que uma tendência ou um comportamento dê uma guinada e se alastre. Ou se acabe.

No livro, ele apresenta em detalhes as três regras que levam uma idéia ou um negócio ao tão esperado ponto da virada: a regra dos eleitos, o fator de fixação e o poder do contexto.

Malcom Gladwell apresenta os conceitos que criam o ponto da virada através de casos reais interessantíssimos, como o da retomada da segurança no metrô de NY e da consequente diminuição da criminalidade em toda a cidade (aque se encaixa a teoria da janela quebrada, que descobri nesse livro e que passou a fazer todo o sentido para mim).

O Ponto da Virada me parece uma leitura interessante para todo o tipo de pessoa que é curiosa e tenta entender como funciona a dinâmica do universo no que diz respeito ao sucesso e insucesso de coisas e idéias. Ele é, ainda, particularmente útil para quem tem seu próprio negócio, pensa em criar um ou pretende difundir um idéia

O mesmo autor também escreveu Fora de Série (está na minha lista de próximas leituras) e Blink (que já li, adorei, confirmou algumas de minhas suposições e será em breve comentado nesse blog).

Informações técnicas sobre O Ponto da Virada:

Editora: Sextante

Autor: MALCOLM GLADWELL

Ano: 2009

Número de páginas: 288

O Ponto da Virada é “uma análise refinada das epidemias sociais, quer se trate de tendëncias da moda, de doenças ou de padróes de comportamento, como a prática de crimes.” – USA Today