quinta-feira, 10 de março de 2011

O Discurso do Rei – Mark Logue e Peter Conradi

Adoro cinema tanto quanto livros. Quando soube que O Discurso do Rei triunfou absoluto na premiação do Oscar (ganhando nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro original e melhor ator), tive vontade de sair correndo para assisti-lo. Eu estava curiosíssima! Mas eu não poderia trair meus princípios e cair na tentação de ver o filme antes de ler o livro. Assim, dediquei algumas horas do meu carnaval para ler O Discurso do Rei, livro que, na minha opinião, fica bem aquém do filme (algo que, convenhamos, é bem difícil de acontecer).

O filme retrata o relacionamento entre Lionel Logue, um desconhecido terapeuta da fala, e o Duque de York, futuro rei da Inglaterra, no período compreendido entre 1926 e início da segunda guerra mundial. Logue, um colono Australiano e autodidata, ajudou Bertie a curar-se de uma gagueira crônica, e por isso, criou laços fortes com o monarca.

Diferentemente do filme, que concentra-se num curto período de tempo, o livro explora em detalhes todos os fatos da vida de Lionel, que foi, na verdade, avô de Mark Logue, o autor do livro.

A idéia de escrever o livro O Discurso do Rei veio justamente de um contato feito pelo produtor do filme, para obter mais informações para o longa. Vendo que realmente seu avô havia tido uma vida peculiar, Mark reuniu todas as informações disponíveis e recriou a história de Lionel, como forma de homenagear e manter viva a memória desse importante membro de sua família.

Na minha opinião, o livro conta uma história inspiradora e interessante (veja-se pelo sucesso alcançado pelo filme), mas de uma forma muito pouco cativante. Seu grande mérito está no fato de retratar um período maior da história vivida pelos dois personagens e na riqueza de informações que reproduz, incluindo extratos de cartas e discursos e detalhes sobre o desenrolar da segunda guerra mundial. Mas seu mérito acaba por aí. De resto, o livro é pouco atrativo e não consegue criar grande envolvimento com o leitor. Assim, apesar de tratar-se de uma história interessante, ela é contada quase como se fosse um documentário, o que faz com que o livro perca muito de sua força (coisa que não ocorre no filme).

Depois de ler o livro e ver o filme, respectivamente nessa ordem, deixo aqui minha sugestão: abandone as várias horas de uma leitura morna e entregue-se aos 118 minutos de um excelente filme. Vale muito mais a pena!

Informações técnicas do livro:

Autor: Mark Logue & Peter Conradi

Editora: José Olympio

Número de páginas: 192

Dicas extras:

Para aqueles que, como eu, gostam de histórias que retratam fatos e peculiaridades da monarquia britânica, indico os filmes A Rainha (2006) e A Outra (2008). Ambos excelentes.