sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Dica de blog - De volta pro armário

Hoje descobri um blog que dá vontade de explorar. De verdade. Ele é bonito, leve, com textos interessantes e muito bem escritos. Um mergulho no universo feminino através de um humor ácido com uma pontinha de questionamento.

Como a própria autora me confessou, ele é uma mistura de Sex and The City e O Diário de Bridget Jones. Como se fosse escrito, vamos dizer... por uma Carrie Bradshaw gorda (palavras dela, que me fizeram entender direitinho a essência de seus textos).

Não posso deixar de reproduzir aqui um texto que adorei. Sugiro que vocês dêem uma espiadinha lá.

http:devoltaproarmario.blogspot.com, de Regina Sato

Tudo que precisava saber, Alcione me ensinou na infância

Buscando no tio Michaellis o que a palavra ‘LOUCO’ significa, sinto hoje certo alívio ao saber que, além de tudo que já sabemos louco também significa ser solto e livre. E mais, é o mesmo que alegre, brincalhão, ‘folgazão e galhofeiro’ - seja lá o que isso quer dizer. Contudo, a melhor definição pra palavra é ‘fora do comum’, sinônimo de ‘extraordinário’. Todos acham que sou louca. Eu mesma afirmo isso a cada três dias, pelo menos. Sou louca de reclamar tanto, ao passo que levo uma vida boa de verdade. Sou louca porque passei 31 anos da minha vida negando a existência de Deus, e hoje afirmo com afinco a magnitude da grande luz da espiritualidade. Louco que é louco acredita em Deus.* Eu não acreditava. Então, fazia parte do grupo de pessoas ‘muito loucas’. Sou louca porque como chocotone com patê de espinafre. Porque numa sessão de terapia, eu acabo sempre aconselhando a minha terapeuta. Porque entendo de futebol e fórmula 1 mais do que meu pai. Porque não me aceito como deveria me aceitar. Porque mesmo sabendo do meu grau de tranqueirice, ainda tento, em vão, fazer amizades com pessoas que julgo normais e equilibradas. Porque pessoas normais e equilibradas não querem amigos loucos. São apenas cordiais e gentis, porém, nunca tentam uma aproximação maior. Têm medo da minha loucura. Tudo bem, isso não me faz mais sofrer. Já me acostumei a isso. Mas, principalmente, sou louca porque sei que consigo entender e participar de todos os grupos de pessoas que conheço, e gosto de pessoas de todos os tipos. Num mundo como esse isso é muita loucura. Ao contrário dessas pessoas, que se soubessem do que passa na minha cabeça de verdade, torceriam o nariz e esperariam a primeira oportunidade para dizerem: ‘nossa, ela é louca mesmo. ’ Mas eu as entendo. Sem problemas. Hoje em dia, já acham que sou louca porque não gosto de histórias de vampiros que fazem sexo no ‘high-school. ’ Porque leio incessantemente. Porque vejo filmes que ninguém vê. Porque ouço músicas que quase ninguém conhece. Sou louca porque só uso AllStar. Suficiente? A lista não chegou nem na metade. Mas paro por aqui, antes que eu me convença de que não sou tão louca assim - e isso é loucura da mais 'braba'. A verdade é a seguinte. Passei a minha vida toda tentando ser igual a todo mundo. Tentando me inserir em grupinhos de pessoas que se protegiam pelas suas estranhices. Depois de algum tempo, resolvi que seria diferente. Que minhas tendências me levavam a buscar por coisas fora do ‘ordinário’. Foi aí que resolvi ser ‘extraordinária’. Hoje busco por um equilíbrio, que em conta gotas começa a surgir em minha rotina. Ainda estou longe disso, mas algo que nunca mudou em mim, nem nas fases mais loucas que vivi, é o fato que tento entender e gostar de todo mundo. Algo que aprendi antes de acreditar em Deus. Um sentimento de equalização ‘socialista’ que veio comigo, de outras vidas. Tentem me entender. Tentem acreditar que pessoas loucas também podem ser legais. Somos limpinhos, educados, estudados. Mas não somos hipócritas e na maioria das vezes, não temos vergonha nenhuma de assumirmos nossas dificuldades. Mesmo correndo o risco de ouvir um comentário tipo: ‘Nossa, além de louca ela é depressiva. Tadinha! Precisa de tratamento. ’ Sim, preciso de tratamento, assim como o resto do mundo. A diferença é que louco que é louco sabe disso. O louco que se diz normal, não. E assim, o mundo vai evoluindo... *Citação de Tati Bernardi no livro: “To com vontade de alguma coisa que não sei o que é.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Travessuras da Menina Má – Mário Vargas Llosa

Não sou o tipo de pessoa que cria com muita facilidade listinhas “Top Ten”. Gosto tanto de tantas coisas que fica dificílimo, se não impossível, escolher as 10 ++. Nunca consegui definir quais são os 10 filmes que mais gosto. Sobre livros, nem tentei pensar. Aí sim eu piraria. Mas acho que eu posso dizer que, independente de quais livros estivessem nesse seletíssimo grupo, um deles seria Travessuras da Menina Má. Isso, pelo menos, no momento que eu o li (porque vamos ser sinceros, para tudo existem os timings da vida).

Eu iniciei Travessuras da Menina Má nem me lembro por quê (acho que porque ele estava vendendo horrores na época, o que me deixou curiosa). No início a leitura estava meio arrastada, mas aos poucos eu fui sendo fisgada. Fui adorando a forma com que o Vargas Llosa ia construindo a história e fui ficando fascinada pelo antagonismo dos personagens.

Travessuras da menina má conta a história de uma paixão doentia que dura uma vida inteira. Ela se passa em vários lugares e em diferentes épocas. Começa na Lima dos anos 50 e segue por cidades que servem como palco perfeito para uma boa história: Paris, Londres, Tóquio e Madri (devo admitir que Londres é uma cidade recorrente nos meus livros favoritos).

Durante todo o livro, nos dividimos entre amar e odiar a “chilenita” e entre admirar e repudiar o sofrido Ricardo. E mesmo vivendo estereótipos dos amores de novelas (o bom menino que se apaixona pela menina má), os personagens nos prendem do início ao fim.

Sendo Vargas Llosa quem é, o romance não poderia deixar de conduzir o leitor pelas nuances políticas do período em que a história se passa (1950 a 1980), o que o torna ainda mais rico.

Em um outro blog sobre livros, li o seguinte comentário sobre esta obra: “De todas as mulheres que lêem, todas viciam.” Devo confessar que eu e várias amigas somos provas irrefutáveis dessa afirmação. :o)

Vale lembrar que Mario Vargas Llosa foi o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2010. Só li esse livro dele até o final, mas julgando por este, o prêmio foi merecido.

(Na verdade, amei tanto Travessuras da menina má que saí correndo para comprar outro livro do Vargas Llosa. Como quase todo mundo, faço isso: depois de um ótimo livro, viro fã do autor e quero ler tudo que ele já publicou, tentando encontrar em outras obras a mesmo deleite da primeira leitura. Entretanto, escolhi “Elogio da Madrasta”, e nem sequer consegui terminar o livro. Alguns críticos, ao comentarem esse livro, falam em “incursão bem humorada na literatura erótica”, mas eu achei ele simplesmente intragável. )

Leia um trecho de Travessuras da menina má na revista Veja:

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/270906/trecho_menina_ma.html

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Obrigada!

Ontem, oficialmente, divulguei o surgimento do Leituras Valiosas. Hoje, oficialmente, agradeço o carinho recebido.

Foram várias mensagens via Facebook e e-mail. Bem mais do que eu imaginava para o primeiro dia.

Amigos que eu não falava há muito tempo apareceram para dar um alô. Pessoas queridas compartilharam meus posts. A Taninha até comprou, na hora mesmo, um dos livros que comentei (essa mulher é das minhas: já que é para ser, que seja agora!). A Nati indicou dois livros maravilhosos que eu já li e que vou, com certeza, comentar aqui (a indicação de Os Fios da Fortuna também é dela). O Guigui e a Mana sugeriram outros que entraram para a listinha das próximas leituras.

Também amei o comentário feito pela Raquel: “Amiga, cumprida a tarefa de boa mãe lendo uma história de princesa para a minha princesa... agora vim conferir teu blog.” (Deu vontade de colocar um “curtir” ao lado!).

Enfim, obrigada por todos os comentários e incentivos. Prometo novidades em breve!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pequena Abelha - Chris Cleave

Comecei a ler Pequena Abelha por amor à primeira vista. Num bate papo com uma amiga, perguntei se ela tinha alguma sugestão de leitura, e ela respondeu no ato: "O livro que estou lendo agora". Quando perguntei do que se tratava, ela disse, "não posso falar", me entregou em mãos o Pequena Abelha e comentou:
- No máximo, posso deixá-la ler a contra-capa!
Lá encontrei: "Depois de ler este livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como esta narrativa se desenrola".
E, realmente, é encanto da primeira à última página (neste livro tive que deixar de lado a minha crença de que todos os livros começam na página 80, como já comentei antes).
O autor, para minha surpresa, é um homem. Quando comecei a ler Pequena Abelha, tinha certeza de que se tratava de uma mulher, pois ele conseguia traduzir tão bem os sentimentos e impressões das duas principais personagens que para mim era impossível a história ter sido criada por alguém que não viva as alegrias e agruras do universo feminino.
Chris Cleave estudou psicologia em Oxford e é colunista do The Guardian. O que já conta vários pontos a favor. Mas é justamente sua narrativa que nos arrebata.
O livro começa assim: "Às vezes eu penso que gostaria de ser uma moeda de libra esterlina em vez de uma menina africana. Todo mundo ficaria satisfeito ao me ver. Talvez eu fosse à sua casa no fim de semana e então, de repente, como sou incostante, eu iria visitar o homem da loja da esquina - mas você não ficaria triste, porque estaria comendo um pãozinho doce com canela ou tomando uma lata de Coca-Cola gelada, e nunca mais pensaria em mim. Seríamos felizes, como amantes que se encontram num feriado e depois esquecem os nomes um do outro."
Pronto. Isso é o máximo que posso revelar.
O livro é curtinho, só 270 páginas. Mas elas são belamente escritas e você não terá vontade de largar até terminá-lo.
Quem quiser encarar a leitura em inglês, o livro está disponível para free download no site Onread: http://www.onread.com/reader/191278
Ângela, obrigada pela maravilhosa dica. Cheguei de viagem e fui direto comprá-lo. Iniciei a leitura no dia seguinte e encerrei 48h depois.
Juliana, obrigada por me informar da versão on-line do livro. Eu não conhecia esse site. É ótimo.
O que se fala por aí sobre Pequena Abelha...
"Uma obra de arte: perturbadora, excitante e muito comovente." The Independent
"Uma história arrebatadora." The New York Times
"Ambicioso e arrojado." The Guardian
"Impressionante." People
"Vai extasiar você." The Washington Post
"Belamente escrito." The Sunday Tribune

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Trilogia Millenium - Stieg Larsson

Adoro ser surpreendida por um livro! E foi isso que aconteceu quando descobri Os Homens que Não Amavam as Mulheres.
Pelo título, que soava um tanto suspeito para mim, eu quase descartei a dica recebida (até então, nunca tinha ouvido falar dele). Só não o fiz porque ela veio de uma pessoa cujo gosto literário eu respeito.
Assim, resolvi experimentar. E fui absolutamente seduzida pela história.
Iniciei a leitura um pouco antes de dormir, e segui direto, sem interrupção, até a página 115. Só parei porque estava consumida pelo sono. Devorei as suas 528 páginas em quatro dias, e depois dele, não parei mais.
Na sequência li A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar, obras que completam a Trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson.
Os protagonistas dos três livros são o jornalista Mikael Blomkvist e a genial hacker Lisbeth Salander (uma heroína completamente diferente de qualquer outra). Juntos eles vivem uma trama fantástica cheia de suspense e reviravoltas.
Essa trilogia é uma daquelas leituras que a gente simplesmente não consegue largar. E garanto que essa é a opinião de todas as pessoas que eu conheço.
Uma pena que vamos ter que nos contentar apenas com essas três histórias, já que Stieg Larsson morreu, subitamente, em 2004, antes de seus livros tornarem-se o sucesso que são hoje.
Flá, muito obrigada pela dica! Quando puder, mande mais.
O que se fala por aí sobre a Trilogia Millenium...
OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES: "Uma história de arrasar. Acima de tudo, a heroína é esplendidamente original. Um livro extraordinário." Literacy Review

Você pode ler mais

Hoje tive uma grata surpresa no trânsito (coisa quase impossível em se tratanto de São Paulo). Vi no carro da frente um simpático adesivo onde lia-se: "Você pode ler mais". Para falar a verdade, até tomei um susto quando vi, já que estava em devaneios, pensando justamente em como faz falta em nosso país uma campanha que estimule o hábito da leitura.
Fiquei feliz em ver que tem mais gente levantando a bandeira do estímulo ao hábito da leitura (nesse caso específico, a Susano Papel e Celulose). Que outras ações como essa se repitam por aí!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Os Fios da Fortuna - Anita Amirrezvani

Este ano, até agora, tive a sorte de ler só livros bons. Tudo bem, isso não é sorte, é escolha, mas vá dizer que não nos sentimos abençoados quando nos cai em mãos uma ótima obra? Daquelas que nos envolvem da página 80 até o final? (Obs.: sou daquelas pessoas que acredita que um livro começa de verdade lá pela página 80. Você também é assim?) Bom, mas voltando aos bons livros que tenho lido, quero dizer que estou adorando Os Fios da Fortuna, de Anita Anirrezvani. Só para deixar claro: Os Fios da Fortuna não tem nada auto-ajuda financeira, que ensina em 10 passos como não se perder em dívidas e ficar rico em 5 anos. É um romance intenso, forte, poético, conduzido por uma personagem desafiadora, inspiradora e apaixonante. A autora levou 10 anos para escrever Os Fios da Fortuna, e talvez por isso cada parágrafo torna-se tão gracioso e delicioso de se ler. Seu estilo também me lembra um pouco o de Thrity Umrigar, no livro A Distância entre nós (apesar das histórias serem bem diferentes). O livro fala de uma jovem artesã que, ao perder o pai, é obrigada a deixar sua aldeia e mudar-se com a mãe para a cidade grande, para viver na casa de um tio distante. Nessa nova vida, a heroína sem nome encontra no aprendizado das técnicas de produção de tapetes persa uma forma de escapar de seu triste destino. Com descrição detalhada e narrativa cuidadosa, a autora nos conduz por uma trama perfeitamente tecida, pontuada por romance, erotismo, perdas e superação. Isso é só uma pequena parte desse riquíssimo livro. Não vou contar mais detalhes para não ofuscar a beleza do que você irá encontrar lá. Nati, obrigada pela ótima indicação! O que se fala por aí sobre Os Fios da Fortuna... "Com belíssimas metáforas sobre a força das pessoas na construção e costura de suas biografias, e permeada por lendas da antiga Pérsia, Os Fios da Fortuna é um romance emocionamente que leva o leitor, num só fôlego, a torcer pelo destino de sua personagem, que sonha apenas e não ser mais uma mulher sem nome." Editora Nova Fronteira - http://www.novafronteira.com.br/produto.asp?CodigoProduto=2012&Origem-Lancamentos

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

E eis que teve início esse blog

Há algum tempo venho pensando em criar esse blog. Criei coragem, depois desisti, mas eis que hoje estou aqui. O motivo é muito simples e um tanto óbvio: eu amo ler. E eu também amo saber o que as outras pessoas andam lendo, amo trocar dicas sobra obras e autores e amo espiar o título dos livros das pessoas desconhecidas que cruzam o meu caminho com um livro na mão.
O simples fato de alguém carregar um livro (desde que não seja aquelas leituras que abomino e que com o tempo vocês irão conhecer) já faz com que eu veja essa pessoa com outros (e bons) olhos.
Eu também criei esse blog porque gosto de guardar leituras que são valiosas para mim. Que em algum momento me disseram algo significativo, para recorrer a elas mais tarde (essa não é a primeira vez que faço isso, mas é primeira vez em versão digital).
Por fim, dei vida a esse blog porque adoro compartilhar informação. Assim que finalizo um bom livro, saio postando críticas no Facebook e enviando e-mails elogiosos para meus amigos mais chegados (e que, claro, também vão se identificar com essa leitura). Então por que não fazer isso de forma organizada? Afinal, não custa nada.
Não posso encerrar sem antes de dizer que também quero saber quais são suas leituras valiosas. Se tiver um tempinho, divida comigo (e com quem mais passar por aqui).