segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reparação - Ian McEwan

O ano era 1935 e fazia um calor infernal naquele verão. Era para ser um dia corriqueiro, na casa de uma abastada família do interior da Inglaterra. O grande acontecimento seria apenas a chegada do irmão mais velho, que não morava mais em casa, e de seu jovem amigo. Todos aguardavam ansiosamente por isso.

A casa estava cheia: a mãe melancólica, a caçula com aspirações a escritora, a insolente e angustiada irmã do meio, os primos gêmeos de nove anos e sua frágil irmã, o irmão mais velho recém chegado, o amigo que visitava a primeira vez a casa e o filho da faxineira, que cresceu com a família como se fosse um membro dela.

O decorrer do dia é narrado através da visão de cada um desses personagens. Traduzindo suas impressões pessoais sobre os mais banais ou significativos acontecimentos.

A grande virada acontece à noite, quando tomado pela ilusão, devaneio, instinto de proteção e até vaidade, um dos personagens comente um crime não propriamente deliberado, e muda todo o curso da história dessa família.

Reparação é dividido em três partes. A primeira, que narra os fatos ocorridos num período de menos de 24h, é contada ao longo de 225 páginas e abre caminho para a envolvente história que está por vir. A segunda, que tem como pano de fundo a segunda guerra mundial é contanda através da visão de um personagem que está em pleno campo de batalha. E a terceira e última, que foi escrita tendo como foco principal a culpa e a eterna busca da reparação do crime cometido tantos anos antes.

Entretanto, o grande fechamento da obra somente acontece, na verdade, no epílogo. Na própria orelha do livro isso já fica claro: “...Mas o romance ganha uma nova perspectiva com base num dado qe só é revelado no epílogo. Retrospectivamente, o leitor percebe que o que estava em jogo ao longo de toda a obra, além da questão da culpa e do perdão, eram as relações entre estética e ética. E só então se dá conta de que o livro cuja leitura está terminando, à parte sua narrativa deslumbrante, é também uma reflexão sofisticada a respeito da natureza da literatura, seus poderes e suas limitações.”

Optei por copiar esse extrato tal qual ele aparece no livro porque é exatamente isso que tem que ser dito e eu não encontraria palavras melhores para fazê-lo.

Uma leitura que vale a pena. Principalmente pela reflexão final que ele nos oferece.

Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456

O livro foi adaptado para as telas de cinema com o título de Desejo e Reparação e indicado ao Oscar de melhor filme no ano de 2008.

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